Economia da influência – como vender ao vivo

Os influenciadores digitais estão ampliando rapidamente sua participação nas vendas do comércio eletrônico. O chamado live commerce já representa 25% de todo o comércio digital na China e se espalha como rastilho de pólvora no Brasil. Mas o que é isso? É um site de influenciadores recomendando produtos ou é um Shoptime 2.0 como esses canais de TV que vendem de tudo? Nem uma coisa, nem outra.

Influencers estão evoluindo de meros garotos-propaganda para vendedores diretos de produtos, muitas vezes com suas marcas próprias. No Brasil, as vendas dos influencers ainda não podem ser fechadas diretamente em seus perfis nas principais redes, mas isso já é possível em EUA, Reino Unido, China e alguns países do Sudeste Asiático.

Antigamente as pessoas ficavam no sofá e eram influenciadas pela TV unidirecional. Agora os consumidores saíram do sofá para as redes e se acostumaram a interagir. O live commerce oferece isso. Essa expressão garoto-propaganda ficou velha. Agora o influenciador faz propaganda, influencia, oferece conteúdo, interage com o público, vende e cria um engajamento em uma relação de confiança para aumentar o LTV(Life Time Value) do cliente. Os antigos Youtubers agora, além de fazer graça, estão ganhando dinheiro.

A grande novidade que leva ao fechamento do negócio é que, em vez de esperar que o consumidor pegue o telefone, disque e passe por todo o atendimento da antiga televenda, agora basta clicar alguns botões na tela e conclui a compra ali mesmo durante a live sem abandono de carrinho , talvez pela confiança gerada pela figura conhecida do influencer.

Esse tipo de interação foi prometido quando entrou a TV Digital. Dizia-se na época que alguém veria a roupa da artista na novela e clicaria em cima comprando. Essa relação está acontecendo de outra forma com a explosão das redes sociais. E não só propriamente nas redes. Muito desse comércio acontece no YouTube, embora outras plataformas estejam correndo atrás do live commerce, sempre em transmissões ao vivo.

Mas não basta ligar a câmera e montar uma performance. É importante fazer um roteiro, definir tempos e produtos a serem ofertados, preço, forma de apresentar, promoções e fretes. E, principalmente, treinar a pessoa apresentadora para que saiba tirar todas as dúvidas e convencer o cliente a comprar o produto.

De acordo com o 1º relatório de Live Shopping do Brasil, desenvolvido pela startup Mimo, os setores que mais utilizam o live commerce são Moda, com 36% de representatividade na pesquisa, Beleza, com 23%, Casa e Decoração, com 18%, e Eletrônicos com 9%.

Segundo pesquisa feita pelo Grupo Bittencourt, consultoria especializada no e-commerce, a taxa de conversão do live commerce é de 16%, enquanto a do e-commerce tradicional é de 2%. Um relatório do banco Goldman Sachs estima que a chamada economia da influência deverá dobrar de tamanho até 2027. Os recursos movimentados passarão dos atuais US$ 250 bilhões para US$ 480 bilhões, globalmente, em quatro anos. Novos negócios e novos empregos.

Parafraseando o publicitário Nizan Guanaes, enquanto uns choram pelo fim de suas lojas físicas, outros vendem lenço ao vivo no live commerce.

 

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Publicado no Portal ES360 em 27/08/2023