Quais são as vocações naturais da cidade de Vitória para sediar atividades econômicas? Embora com duas plantas industriais de grande porte, Vitória só terá mais uma oportunidade de atuação industrial relevante: a implantação de um projeto aeroporto-indústria pela nova concessionária do aeroporto, onde empresas poderiam operar áreas alfandegadas para importação e agregação de valor com internalização ou exportação. Outras atividades industriais só teriam espaço nas próprias áreas da Vale e da ArcelorMittal ou alguma coisa no Porto de Vitória.
Como também não dispõe de área para a agricultura, a vocação natural da cidade está nos serviços e na economia do conhecimento. Isso não é novidade, porém a cidade participa e pode participar mais ainda dos diversos arranjos produtivos do Estado como rochas ornamentais, confecções, móveis, agronegócio, metal-mecânica etc. Poderíamos afirmar que grande parte da governança dos arranjos acaba se dando na capital, com os serviços derivados da sua condição de capital político-administrativa e com os serviços especializados de exportação, logística, design, finanças, tecnologia, consultoria, treinamento, TI, feiras e congressos, publicidade, imprensa, educação superior, representação e distribuição de produtos, construção civil etc.
A cidade poderia então assumir também o papel de vitrine desses arranjos. Essa, por exemplo, era a ideia original para aproveitamento do hortomercado da Enseada do Suá. Seria um projeto que abrigaria a oferta de produtos típicos de várias regiões do Estado, a venda de hortifrutigranjeiros de qualidade, bebidas e doces, restaurantes de comida típica e venda de artesanato. A ideia era um conjunto que transformaria aquele equipamento então abandonado em um complexo de serviços, lazer e turismo como um novo “point” da cidade. Não foi exatamente isso que aconteceu, mas a ideia original pode se dar em algum outro local.
Esse papel de vitrine poderia se dar também no setor de confecções com um empreendimento que incluísse um museu da moda, um ambiente para desfiles e exposições, um centro de pesquisas da moda, além de um espaço de lazer temático e diferenciado.
Essa função de Vitória como vitrine pode acontecer também em relação a móveis, rochas ornamentais, agronegócio e petróleo, aproveitando áreas públicas para transformá-las em espaços concebidos para abrigar uma combinação de exposição permanente, museu, centro de negócios, tecnologia, área de lazer e eventualmente também prestação de serviços.
Alguns espaços da cidade poderiam ter essa vocação, como a sede do Saldanha da Gama, os armazéns do IBC, galpões do porto ou a área do aeroporto, onde está sendo projetado um complexo que deveria obrigatoriamente conter um centro de convenções, que naturalmente faria esse papel.
Esse tipo de empreendimento poderia ser privado ou uma PPP(Parceria Público-Privada) de empresários do setor com a Prefeitura se, de fato, se mostrasse viável. Enfim, são ideias a serem analisadas para tornar a cidade melhor ainda para fazer negócios.