Velocidade máxima nas empresas

Para dispor de 600.000 quartos de hotel, a cadeia tradicional de hotéis Hilton levou quase 100 anos, a Intercontinental precisou de 65 anos e a Accor 44 anos. A plataforma Airbnb colocou no mercado a mesma quantidade em apenas 4 anos, agregando quartos, casas e apartamentos de proprietários que não os utilizavam totalmente. A plataforma francesa Blablacar, que compartilha assentos de caronas entre cidades, em apenas 10 anos já transportava 2 milhões de passageiros/mês. Essas, assim como inúmeras outras plataformas que têm facilitado a vida de muita gente, ocupam o mercado em velocidade exponencial. Da mesma forma, previsões atuais sinalizam que carros sem motorista podem estar presentes em grande escala nas estradas em poucos anos. Drones também rapidamente se espalharam pelo mundo em utilizações de vigiar instalações, filmar solenidades, matar inimigos com precisão ou entregar encomendas.

A velocidade da transformação deixa estragos pelo caminho, como se vê na lista das 500 empresas mais valiosas. Em 1937 empresas permaneciam 75 anos na lista em média, em 1960 essa média baixou para 61 anos, em 1980 para 37 anos e hoje empresas conseguem permanecer em média 15 anos nessa lista. Empresas novatas, normalmente vindas do ramo de tecnologia ocupam as novas listas. Empresas tradicionais, tentando preservar mercados, não conseguem se transformar rapidamente. Jeff Bezos, CEO da Amazon, explica que recrutava os melhores técnicos para a sua plataforma vitoriosa enquanto seu concorrente tradicional, a cadeia de livrarias Barnes & Noble, tentava competir criando uma plataforma digital paralela, mas mantendo os melhores técnicos no negócio tradicional.

Jack Welch, ex-CEO da GE, figura símbolo de gestor, uma vez afirmou que “se a mudança no lado de fora da sua empresa for mais rápida que a do lado de dentro, o fim está próximo”.  A cadeia das TIC, incluindo hardware, software e telecomunicações é transversal a todos os setores de indústria, comércio e serviços e deveria estar presente na estratégia de desenvolvimento do país e de cada estado, mas não parece ainda ser o caso. O esforço de atração de empresas acaba concentrado nas cadeias tradicionais – sempre importantes, até para diversificação – e o apoio às iniciativas locais em TIC são sempre marginais, perdendo feio em quantidade de linhas de discursos e rubricas orçamentárias. Se no mundo desenvolvido essas empresas revolucionam modelos de negócios e ocupam cada vez mais as listas das empresas mais valiosas, por aqui ainda são consideradas exóticas e coisa de nerds. Deveríamos ter mais pressa.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

 

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