Uma greve inconsequente

Há alguns anos, quando ainda era presidente, Lula afirmou a respeito de greves do funcionalismo público: “Parar 30 dias, 60, 90 e receber os dias parados  não é greve, é férias e isso não é possível. Todos nós temos direito de fazer greve, mas todos sabemos que podemos ganhar ou perder.” Todos que assumem responsabilidades no governo sabem o poder das corporações para defender seus interesses em detrimento da maioria.

Uma greve marcada estrategicamente para 16/11, encostado em um feriadão, sinaliza bem a profunda motivação dos 200 que derrotaram 159(são 1696 ao todo) no indicativo de greve na assembleia dos professores da Ufes, onde infelizmente muitos contra a greve não compareceram.

O STF determinou que é legal suspender o salário de grevistas, como Lula, em momento de lucidez, prescreveu. Alguns setores mais competentes e responsáveis funcionam apesar da greve.  O resto diz que fica na universidade “trabalhando”. A ver.

O papel da Universidade é formar recursos humanos e ampliar o conhecimento, além de se inserir nas comunidades onde atua, contribuindo para a solução de seus problemas. Quando se engajam em uma causa política, ainda mais contando que continuarão a receber salários, enquanto nem formam recursos humanos e nem ampliam o conhecimento, apenas contribuem para a desmoralização da própria universidade, que já não tem uma cotação tão alta em comparação com outras instituições no país.

O ranking Datafolha de 2015 coloca a Ufes em 30ª lugar entre as universidades brasileiras( e ridículo 46º no critério inovação), atrás de várias federais e estaduais do Pará, Ceará, Bahia, Goiás, Uberlândia, Maringá, Pelotas, entre outras. Os cursos de Sociologia, Economia, História e Geografia ficam abaixo do 42º lugar.

É deprimente que a nossa maior universidade, que deveria ser referência para os jovens, em vez de estar em plena atividade, buscando seu aprimoramento, está em férias coletivas auto proclamadas. Existem outras maneiras de manifestar descontentamento sem interromper aulas.

A Ufes tem ilhas de excelência, com gente do mais alto nível, como Reynaldo Dietze, referência nacional e internacional em infectologia; Patrícia e Antônio Alberto Fernandes com José Aires Ventura em um espetacular laboratório de biotecnologia fazendo engenharia genética de ponta; Teodiano Bastos Filho fazendo cadeiras de rodas andar comandadas pelo pensamento ou Anilton Garcia, fera em internet das coisas ou gestão do conhecimento, entre alguns outros.

É lamentável que um bom potencial seja apequenado por posturas políticas equivocadas, atrasadas e mesquinhas.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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