Na Praia do Arpoador uma horda de petistas sem camisa faz um arrastão tributário. Vão tomando tudo pelo caminho. Jogam no chão bolsas das mulheres e bolsas de valores. Passam rasteira nos banhistas e nos investidores. Chutam o pau da barraca do crescimento do país.Como nuvem de gafanhotos vão provocando pânico nos frequentadores da praia e nos mercados, devastando o país. Dinheiro roubado vai para dentro da sunga. Uma senhora é empurrada, perde o equilíbrio fiscal e o seu chopp vai ao chão ao preço de uma ação da Petrobras, com colarinho branco.
O movimento dos trabalhadores sem praia continua a descer rapidamente dos ônibus como os salários, enquanto a inflação sobe. Trabalhadores que trocaram FGTS por ações da Petrobras entram numa gelada mergulhando no mar e levam um caldo da onda gigante. Era uma marolinha, dizia o astuto que se passa por sábio. Sobra para todo mundo: donas de casa espancadas, empresários depenados, jovens sem Pronatec, funcionários sem correção.
Alguém grita: ” Olha o ajuste fiscal”. Ao ouvir “fiscal” os ambulantes vendedores de bugigangas correm junto com os cidadãos que sentem onde vai cair o ajuste – nas suas costas. Mas tem troco. Apanham do povo e são vaiados em restaurantes e aeroportos.
As imagens correm o mundo. As agências de viagem cortam o rating e os turistas estrangeiros fogem junto com os investidores enquanto o dólar sobe sem controle. O vendedor grita: “Olha o mate”. Mate quem? Corre a turma do MMA querendo dar porrada. Protetor na praia, agora só porrete. A Policia Federal vai atrás dos bandidos mas poucos são apanhados. Bicicletas são roubadas e os marginais saem por aí dando pedaladas. Em Brasília, no Palácio da Desarvorada, a trapalhona(segundo Delfim) vende a alma(segundo FHC) mas não entrega. A popularidade cai abaixo do dólar. O Rasputin barbudo, com sete vidas como os gatos, mestre da prestidigitação de palanque, fiador do desastre, perseguido pelo fantasma da lava jato, costeia o alambrado, doido para entregar tudo e passar para a oposição.
Enquanto isso na praia, o som alto toca Ultraje a Rigor: Daqui do morro dá pra ver tão legal/O que acontece aí no seu litoral/Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais/Do alto da cidade até a beira do cais. Nós vamos invadir sua praia. Agora se você vai se incomodar/Então é melhor se mudar/Não adianta nem nos desprezar/Se a gente acostumar a gente vai ficar/
A gente tá querendo variar/E a sua praia vem bem a calhar. Nós vamos invadir sua praia.
Depois desse tumulto, a população cansada clama no desespero: É melhor um fim horroroso que um horror sem fim.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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