Uber: Governo não pode ser babá do cidadão

Em uma viagem profissional de uma hora com o Uber no Rio de Janeiro, pude saber do motorista Gustavo os detalhes sobre esse serviço. Para se habilitar, um motorista do Uber deve ser apresentar bem(ele estava de terno), ter um carro sedan médio luxo com banco de couro e em ótimas condições(carros de 2013 em diante) que serão avaliadas a cada seis meses. Vai passar por um teste de 500 perguntas sobre trânsito e um teste psicológico, deve apresentar atestados das Polícias Civil e Federal e receber treinamento de relacionamento com o público. Vai fazer um seguro de 250.000 reais, incluindo cobertura para o passageiro e rastreador, será avaliado a cada corrida pelo cliente em uma escala de 1 a 5 e terá de manter média acima de 4,7 , caso contrário terá o aplicativo bloqueado e deverá se explicar.

O motorista Uber pode trabalhar quantas horas quiser por dia e será acionado se for o mais próximo do local de chamada. Se recusar chamadas três vezes também terá o aplicativo bloqueado. Gustavo tira 8.000 a 10.000 reais por mês, mas todas as despesas são por sua conta e não tem as isenções do IPI que têm os taxistas. As corridas são pagas no cartão de crédito, o que impede a sonegação e o Uber fica com 20%. Não podem fazer corridas pedidas na rua e se o passageiro solicitar uma rota usando o Waze ele tem que seguí-la, o que dá muito conforto aos estrangeiros que já vem com a rota mapeada e com o preço simulado e podem solicitar motoristas que falem línguas. Com tudo isso a corrida pode ficar mais barata, certamente pelo custo de cooperativas e licenças da prefeitura. Novidades estão sendo lançadas como o Uber X com carros populares e taxas mais baratas, o Uber bebê, com cadeirinhas, o Uber Surf com local para amarrar a prancha e o Uber Pool para ratear corridas com outros usuários que fariam o mesmo trajeto.

Com um serviço tão organizado e fiscalizado, fica a pergunta: por que governos têm de se meter na prestação desses serviços e não deixam por conta da iniciativa privada? Se o serviço for ruim, os clientes, a empresa e a pressão dos concorrentes vão tratar de corrigir, sem precisar de governo tomando conta como babá do cidadão.

Os cidadãos costumam exigir mais serviços do Estado mas não querem aumento de impostos. Vamos ter de encontrar soluções que tirem do Estado a prestação de alguns serviços que serão fiscalizados pelo próprio cidadão. Impedi-los de ter acesso a um serviço de qualidade é uma inversão de valores a favor da corporação de taxistas e seus padrinhos.

Por que algumas dezenas de taxistas têm mais direitos que milhares de cidadãos?

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente. 

Facebook: Evandro Milet

Twitter:@ebmilet

Email: evandro.milet@gmail.com