Transformações exponenciais

 

Você sabe de que altura ficaria uma folha de papel dobrada 50 vezes? Dez centímetros? Um metro? Longe disso. Se fosse possível fazer isso, ela ficaria com 100 milhões de quilômetros de altura (a distância da Terra ao Sol é de 150 milhões de quilômetros). Duvida? Multiplique 2 elevado a 50 pela espessura de uma folha de papel e verá essa espantosa realidade. Essa é uma função exponencial, mas nosso cérebro só consegue acompanhar funções lineares, onde as coisas aumentam aos poucos. Em 1965 Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, vaticinou que o poder de computação em um chip de computador dobraria de capacidade aproximadamente a cada dois anos. Essa chamada Lei de Moore está verdadeira até hoje, 51 anos depois, e explica como um iPhone 5 é 2,7 vezes mais potente que o maior supercomputador de 1985. É quase impossível imaginar o que fará um computador daqui a 15 anos. Basta lembrar que a Google acaba de completar 18 anos. Recentemente, um software de uma empresa inglesa comprada pela Google, bateu o campeão mundial de GO, um jogo muito apreciado na Ásia e muitas vezes mais complexo que o xadrez. O algoritmo utilizado, em uma categoria chamada de deep learning ou aprendizagem profunda, é a nova fronteira da inteligência artificial que, junto com o big data, a computação em nuvem e a internet das coisas, vão revolucionar exponencialmente a medicina, a comunicação, a indústria, os governos, as profissões, os negócios e a gestão das empresas. Já é percebido que as crianças, além de saber ler, escrever e contar terão de incorporar a capacidade de programar. Todas as profissões, no futuro, lidarão com algoritmos que representam a base das linguagens de programação de computadores.

Todos os setores de negócio estão sendo desafiados por concorrentes vindo de outros setores. A competição, que antes era lenta como um jogo de xadrez, hoje é um videogame misturado com trem fantasma, obrigando as empresas  a se movimentarem permanentemente, escapando de ataques vindos de todos os lados e levando um susto em cada esquina. A Amazon não nasceu dentro do negócio de livrarias, a Netflix não veio da televisão, o Uber não surgiu do mercado de transporte , o AirBNB não veio do meio de hospedagem, a Apple não entendia de telefones e nem a Wine.com, para dar um exemplo local, apareceu do comércio tradicional de venda de bebidas. Todas dependeram fundamentalmente de algoritmos e software para estar onde estão e provocaram transformações exponenciais em negócios tradicionais.

Esperemos que o processo de impeachment também evolua em velocidade exponencial.

 

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente. 

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