A expressão “indústria 4.0” foi criada na Alemanha, preocupada com a invasão chinesa nos equipamentos industriais onde a tradição alemã imperava. As outras três fases da indústria teriam sido representadas pela máquina a vapor, pela eletricidade e pela introdução da Tecnologia da Informação(TI) nas fábricas. A indústria 4.0 tem como foco principal a introdução das novas ferramentas da TI nos sistemas de produção industrial, isto é, levar essas novas tecnologias para dentro das fábricas.
Na versão americana, a quarta revolução industrial, relatada no livro com esse título de Karl Schwab do Fórum Econômico Mundial, parte de uma estratégia oposta que busca aproveitar a infraestrutura e principalmente, a enorme capacidade inovativa em TI existente nos EUA para gerar novas atividades, isto é, colocar os negócios no mundo da TI.
Você poderia imaginar uma Kodak automatizando totalmente a sua fábrica de filmes fotográficos, com alta produtividade, enquanto alguém criava a máquina digital que acabaria com o mercado de filmes. A prática americana tem se mostrado mais disruptiva com um ecossistema de startups, investidores de risco e legislação trabalhista favorável.
Essa diferença de conceitos pode ser notada no mundo dos automóveis onde a robótica das fábricas avança enquanto a utilização dos automóveis se modifica com o uso de aplicativos e os próprios projetos incluem cada vez mais software, mudanças para motores elétricos e design sem motorista, tornando obsoletas rapidamente as linhas de produção.
Há indícios que o produto automóvel, de um modo geral, possa ser transformado em serviço por assinatura, um fluxo, disponibilizado por demanda, como um Netflix ou Spotify que fizeram uma ruptura nos mercados de filmes e música.
Kevin Kelly, no imperdível livro “Inevitável, acrescenta que itens que hoje habitam o âmbito da fixidez – como veículos, terrenos e medicamentos – vão se transformar em fluxos também. Tratores vão se tornar computadores velozes equipados com rodas, o solo vai virar substrato para uma rede de sensores e os medicamentos serão como cápsulas de informações moleculares fluindo do paciente para o médico e vice-versa.
Ele adverte sobre outras tendências de ruptura. A redução rápida de custos na eletrônica digital pode fazer com que a logística de entrega de produtos fique mais cara que a própria produção nas fábricas. Uma consequência estratégica seria o deslocamento paulatino das fábricas para próximo do mercado consumidor.
Enfim, é melhor perceber a quarta revolução industrial como algo mais abrangente que a automação das fábricas.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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