Sempre haverá problemas para startups resolverem

Outro dia me perguntaram: Com tantas startups fazendo tantas coisas diferentes, daqui a pouco não vão acabar os problemas para serem resolvidos? 

Não, sempre existirão novas tecnologias para resolver problemas de novas maneiras que reduzam custo, tempo, deslocamento, melhorem conforto e comodidade ou abram novas oportunidades de ganhos financeiros ou de emprego.

O universo das grandes empresas, seus processos internos e funcionamento, antigamente fechados e desconhecidos para os startupeiros, foi escancarado pela inovação aberta, jogando no palco zilhões de novas oportunidades. 

Se, por um lado, o mundo digital tem avançado bastante, por outro lado, projetos de biotecnologia, nanotecnologia ou fotônica estão apenas no começo de uma trajetória acelerada de crescimento. Mesmo os equipamentos da metalmecânica substituem seus processos analógicos por digitais, basta ver um automóvel de hoje, quase um agregado de hardware e software sobre rodas.

E o mundo digital mal arranhou as possibilidades da inteligência artificial e nem inaugurou ainda a era da computação quântica ou do 6G na comunicação. E ainda tem que se defender da bandidagem dos hackers, dos sequestros de dados, da vigilância ubíqua e das deepfakes e ajudar a resolver o problema da pobreza e da desigualdade.

Tudo isso pede novas levas de startups, novos empreendedores, novos desenvolvedores, novos investidores, novos empregos, novas ferramentas, novos mecanismos de financiamento, novas legislações, e, porque não, novos políticos que entendam esse mundo, em um movimento sem fim e cada vez mais rápido.

O país ou estado que se planejar para o futuro não pode deixar de considerar, ou melhor, tem que levar principalmente em consideração, o que está acontecendo e, principalmente, a curva exponencial que acelera as mudanças.

Os futuristas utópicos estão acertando nos carros voadores, nas viagens interplanetárias, nos robôs domésticos que cientistas vêem como a nova etapa dos humanóides e nos implantes cerebrais. O problema é que os futuristas distópicos também estão acertando nas câmaras de vigilância onipresentes, como as teletelas de 1984, que propagam o ato essencial do Partido no poder que consiste em “usar o engodo consciente sem perder a firmeza de propósito que corresponde à total honestidade”. Um conceito fundamental no livro de George Orwell é a mutabilidade do passado. No Ministério da Verdade, o trabalho consiste em apagar sistematicamente as informações do passado que contrariam o presente. Afinal, “quem controla o passado controla o futuro, quem controla o presente controla o passado” é lema do Partido no livro. As novas tecnologias de IA assustariam Orwell. 

Ditaduras, autocracias, regimes i-liberais ou simplesmente populistas, à esquerda e à direita, fazem da ficção uma realidade, infelizmente.

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Publicado no Portal ES360 em 17/03/2024