A subida e descida da bolsa têm sido influenciadas pelas pesquisas eleitorais e provocam debates acalorados insinuando manipulações do mercado por interessados em uma ou outra candidatura.
Ainda hoje existe um desconhecimento de como funciona o mercado e muitas cabeças formadas nas visões simplórias da economia planejada ainda resistem a entender o papel das iniciativas individuais, das expectativas e a lei da oferta e da procura.
O preço de uma ação sobe ou desce em função do valor que se atribui a ela a partir das expectativas de lucro futuro, assim como as decisões de investimento são feitas pensando se a perspectivas da economia e daquele setor são boas ou ruins.
Se o mercado entende que um candidato vai conseguir fazer a economia ou um setor crescer, a perspectiva de lucro melhora, o valor da empresa aumenta e, por consequência, a ação também aumenta, bem como a confiança em fazer investimentos produtivos.
Mas quem é esse mercado? É o somatório das decisões individuais de investimento influenciadas pelas análises dos profissionais do setor sobre as tendências.
Muitas vezes o mercado é demonizado como algo que não tem a ver com o mundo real e onde o lucro é feito em cima de especulações manipuladas por banqueiros inescrupulosos que existem como em qualquer setor.
Todos aqueles que conseguem economizar alguma coisa acabam usando o mercado financeiro para tentar valorizar a sua economia. Esses recursos são investidos em papéis que tenham alguma rentabilidade. Nesse movimento estão a poupança que vai alimentar o mercado imobiliário, o Tesouro Direto e os fundos DI que compram papéis que financiam o governo em seus programas sociais, os fundos de ações ou previdência que compram lançamentos de empresas, os TDAs que financiam a desapropriação de terras ou os FIPs que compram participação em empresas entre muitos outros instrumentos.
As taxas de juros são influenciadas pela necessidade do governo de se financiar. Se o governo gasta muito e deve muito precisa pagar juros mais altos pelo risco associado como qualquer devedor. Se o juro está alto, não há incentivo para um investidor montar um negócio e é melhor aplicar no banco.
Essas observações levam a algumas conclusões: o mercado somos todos nós aplicando recursos; o mercado está envolvido sim na produção e não apenas gerando lucros em atividades improdutivas; o mercado é alimentado pelas necessidades do governo – quanto maior o governo, mais juros e menos incentivo para novos negócios; o mercado é movido pelas expectativas de cada um sobre o futuro, inclusive daqueles que são contra o mercado.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
Twitter: @ebmilet Email: evandro.milet@gmail.com
Download: Quem é o mercado