Por que ESG?

Por Evandro Milet – Portal ES360 – 28/01/2024

O propósito do Google, no seu planejamento estratégico, é organizar as informações do mundo. É ambicioso, mas eles estão fazendo. Ótimo para todos nós. Quando se coloca uma pauta ampla assim em uma empresa, toda a sua estrutura passa a considerar essa linha, procurando desdobrá-la em ações.

Por que então o mundo não pode ter também seu propósito ambicioso, que paute as ações de todos os países? Mesmo que não se consiga alcançar tudo, o caminho já ajuda quando todos procuram desdobrar o tema em suas políticas e ações.

Essa foi a ideia lançada pela ONU em 2000 como os ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, apoiada por 191 países, com 8 objetivos para serem alcançados até 2015, incluindo temas de educação, fome, miséria, igualdade entre sexos, mortalidade infantil, gestantes, Aids, meio ambiente e parcerias para o desenvolvimento. Os ODM produziram o mais bem-sucedido movimento de redução da pobreza da história e serviram como ponto de partida para a nova agenda de desenvolvimento sustentável.

Em 2015, nova rodada foi lançada, mirando 2030, com o nome de ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, apoiada por todos os 193 países da ONU, e contando com 17 objetivos. O foco de todos eles é acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

Antes disso, em 2004, a ONU lançou o desafio para o mercado financeiro de como engajar as empresas nesse movimento. Surgiu o ESG, agregando aspectos ambientais, sociais e de governança, sigla que se espalhou pelo mundo. Se, nos anos 1970, Milton Friedman dizia que o papel social da empresa era dar lucro, por que criava empregos e gerava impostos, hoje há uma clara direção para entender que a empresa tem responsabilidade também com todas as partes interessadas: fornecedores, clientes, comunidade onde atua e com a sociedade em geral.

Há várias maneiras da empresa entender a necessidade de aderir: porque todo mundo está fazendo, porque pode perder clientes, porque pode perder financiamentos, porque entende seu papel social ou porque percebe as ameaças para o seu negócio com as mudanças climáticas, cada vez mais evidentes, ou com as consequências sociais até de segurança para o negócio e a família. E há também o olhar das oportunidades. Uma pessoa da classe A pode comprar cinco TVs, mas para o mercado é melhor ainda que milhões de pessoas possam comprar uma TV.

O movimento pela diversidade provoca situações inéditas: as propagandas, as novelas, os realities e as empresas em geral  estão mais diversas na contratação de pessoal gerando oportunidades de trabalho e renda para uma massa de pessoas discriminadas anteriormente. Quem olhar o site de uma empresa internacional de moda íntima feminina como a Victoria’s Secret, que só contratava modelos padrão Gisele Bundchen agora tem altas, baixas, gordas, magras, pretas, brancas ou com deficiência. Qual é a lógica: as compradoras são assim diversas mesmo e se identificam com a marca. 

O que é um papel aparentemente social das empresas é também negócio na veia. Milton Friedman já era, pelo menos nesse assunto. O caminho agora é ESG.

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