A pandemia tem provocado turbulências em todos os setores da economia. Mesmo os que se safam economicamente enfrentam problemas de logística, de mudança para o mundo digital, de gestão de home office ou de empregados com covid-19. Supermercados viram as vendas aumentarem inicialmente mas enfrentam problemas de atraso de entrega pela sobrecarga não prevista e pela deficiência do e-commerce precário. No setor de saúde as farmácias mantiveram vendas, mas os hospitais, mesmo os de referência, têm problemas. Com 45% a menos de receita, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, cortou em 25% o salário e a jornada de trabalho de 33% dos seus 15 mil funcionários. Antes da pandemia, o Einstein fazia até 140 cirurgias por dia e agora, não chegou ainda à metade desse número. O setor de medicina diagnóstica também sofre. As pessoas estão com medo e adiando consultas e exames. Até o fim de abril, o setor contabilizava queda de 70% nos exames de imagem. Nos laboratórios clínicos, o atendimento tinha caído, em média, 60% se comparado ao movimento registrado no mesmo período de 2019.
No varejo de roupas, somente em abril, as vendas no país caíram 88%. Alguns tentam reduzir o prejuízo fazendo máscaras e aventais. O desafio do setor é tanto a falta de hábito dos consumidores de comprar on-line quanto a falta de confiança para gastar. Pesquisa com 400 brasileiros mostra que 67% deles não pretendem comprar roupa durante a pandemia e 29% pretendem comprar de forma mais moderada quando o comércio voltar à normalidade. Fora os hipermercados, resta o comércio eletrônico, que no Brasil representa apenas 1,5% do faturamento do varejo de moda, estimado em R$ 231 bilhões. O e-commerce ainda é restrito às Enfim, grandes empresas e o setor de confecções no país é 90% formado por pequenas e médias, que não conseguem se readaptar rapidamente.
Formalmente, o setor têxtil e de confecções emprega 1,5 milhão de pessoas, sendo 1,2 milhão apenas em confecção, no Brasil, com 2,6 milhões no total se incluirmos os informais.
A queda mundial desse setor afeta o mercado do algodão e clientes internacionais pediram adiamento de exportações. O Brasil precisa exportar 75% da produção anual que equivale a quatro anos de consumo interno. Fora algodão, a grande saída do país será pelo agronegócio, onde o Brasil tem forte presença em grãos e carnes, principalmente para a China, o grande consumidor de nossos produtos.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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