Petróleo no túmulo

Em recente palestra na Findes, o Superintendente do IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo e Biocombustíveis, apresentou um quadro promissor do setor de petróleo para os próximos anos, apesar da crescente substituição de combustíveis fósseis por energias alternativas. Em 2016, carvão, petróleo e gás representavam 80% da matriz energética no mundo. As previsões de especialistas apontam para 76% em 2040, 50% em 2050 e 22% em 2070. À medida que o petróleo é substituído, a demanda  diminui e naturalmente o preço cai.

Hoje, os três lugares com maior produtividade na produção de petróleo são o Oriente Médio, os EUA com o shale oil e o nosso pré sal.

O Brasil perdeu muito tempo e promoveu a maior destruição de valor da sua história ao paralisar por 5 anos as rodadas de petróleo, o que detpnou a cadeia de petróleo, provocou a perda de 500.000 empregos, a quebra de inúmeras empresas e saída do país de muitos fornecedores. Uma lambança completa feita por populistas despreparados, imaginando que tinham ganho bilhete de loteria com o pré sal descoberto. Fizeram desnecessária mudança de regime de concessão para partilha que só provocou a criação de mais uma estatal, a exigência irreal de conteúdo local com a criação de outra estatal para produzir sondas, fora outras atitudes que mereciam ampliar os anos de cadeia dos irrresponsáveis.

Enquanto o Brasil se perdia em delírios ideológicos ignorantes que ressuscitavam slogans jurássicos como “O petróleo é nosso”(ou então era deles mesmos), a Noruega atingia um trillhão de dólares no seu fundo soberano, montado inteligentemente com a exploração tempestiva do seu petróleo, para garantir a aposentadoria dos seus cidadãos e a maior renda per capita no mundo. Como dizia Roberto Campos: ”Infelizmente o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”.

Os investimentos potenciais na cadeia do petróleo no Brasil nos próximos 10 anos deve atingir os 2,5 trilhões de reais, o que representa, de longe, o nosso maior setor industrial. Se o Brasil crescer com taxas razoáveis próximas a 3% nos próximos anos teremos inevitavelmente um apagão de mão de obra no setor de petróleo com a demanda de 800.000 trabalhadores com alta qualificação, considerando que já foi entregue a primeira plataforma que não precisa de gente para operar. Os empregos serão gerados na cadeia de fornecedores, muitos do mundo digital, e na logística de portos, que promete outro gargalo e, ao mesmo tempo, inúmeras oportunidades.

Temos de correr ou iremos para o túmulo junto com o “Petróleo é nosso”, riqueza sem valor para sempre enterrada.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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