Petróleo debaixo da terra não vale nada

Petróleo a 7000 metros de profundidade não vale nada. Vai valer quando for retirado. E pelo andar do desenvolvimento de energias alternativas esse valor vai começar a cair em alguns anos. É bom lembrar que a idade da pedra não acabou por falta de pedra.

É completamente ultrapassada a visão que o Brasil está desnacionalizando seus ativos e entregando a tecnologia da Petrobras. O ativo principal não é mais o óleo. O Brasil já perdeu muito tempo para fazer o que realmente importa, desenvolver uma indústria de equipamentos e serviços, com base principalmente na metal-mecânica e na automação, capaz de sustentar outras atividades quando acontecer o declínio do petróleo, como fez a Noruega, e fornecer para toda a cadeia global do petróleo. A tecnologia utilizada é semelhante em todo o mundo e os players atuam globalmente. A abertura para mais empresas operarem no pré-sal e não só a Petrobras, além de acelerar o processo de retirar o óleo antes que ele se torne irrelevante, cria oportunidades para empresas locais, usando a cláusula de conteúdo local que vale para todas.

O setor mundial de petróleo é composto por inúmeras empresas que atuam em todas as fases de exploração e produção e muitas delas operam no Brasil em parceria com a Petrobras compartilhando tecnologias. A época de “petróleo é nosso” ou a visão paranoica bolivariana que a 4ª frota americana quer nos tomar o pré-sal é ridícula hoje, na época da quarta revolução industrial e da inteligência artificial. Talvez seja uma burrice natural mesmo. Não que os americanos tenham virado santos em geopolítica, mas o mundo ficou muito mais sofisticado e complexo do que era na década de 1950, onde muita mente esquerdista estacionou.

A nova política de conteúdo local que se desenha pretende incentivar o uso de tecnologia e engenharia nacionais e contabilizar as oportunidades de exportação abertas pelas multinacionais. A política teve realmente de ser modificada, para se adaptar aos novos preços do petróleo, agora no patamar de 50 dólares, onde as margens para exigir grande volume de conteúdo local se estreitaram. Mas é estratégico que se preserve o pesado investimento feito no Estaleiro Jurong, base de uma promissora cadeia naval no estado.

Aqui, mais de 30 projetos de peças e equipamentos para o setor de petróleo estão em desenvolvimento por empresas locais, apoiadas pela Petrobras, Findes, Governo Estadual, Sebrae, Ufes e Ifes no âmbito do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás. Esse projeto poderá gerar, em poucos anos, um grande setor de petropeças a partir das áreas de metal mecânica e automação.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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