Em Aracruz petróleo vai dar em árvore. Segundo a Fibria, tudo que se faz com petróleo pode se fazer a partir de uma árvore. E não fica na teoria. A empresa desenvolve sua bioestratégia como forma de diversificação focada, para não depender apenas da celulose, aproveitando aquilo que entendemos muito no Brasil: fazer floresta.
Nela aparece o biopetróleo, com uma planta em Aracruz, e a possibilidade real de produzir combustíveis com muito menor emissão de carbono do que os derivados de combustíveis fósseis. Outro caminho é o da nanocelulose com possível utilização em fraldas, tintas e cosméticos e numa revolucionária linha de fibras têxteis que pode ressuscitar a indústria têxtil nacional, a partir da madeira.
Tudo isso promete investimentos, empregos, impostos e subcontratações em Aracruz, que sonha ainda com sua inserção na área da Sudene, conforme projeto já aprovado na Câmara. Passaria a ser a área da Sudene mais próxima do Sul-Sudeste e com potencial imenso de atrair investimentos. E isso é pouco. O estaleiro Jurong é hoje o melhor estaleiro do Brasil, com capacidade instalada inicialmente para atender a demanda de sondas da Petrobras, fulminada pela corrupção dos governos petistas. Apesar disso, os investidores de Singapura mantiveram o projeto, que atende uma estratégia global da empresa, com restrições de expansão no seu país. Com calado de mais de 15 metros o estaleiro recebe grandes navios para reparos e atende uma região bem distante da sua base original na Ásia e se prepara para o novo boom do petróleo no Brasil, com a retomada dos leilões suspensos irresponsavelmente por 5 anos.
Tudo isso ficaria melhor ainda com uma articulação da empresa com outro player fundamental da região, a Imetame, para um canal de evolução comum. A Imetame construiu um terminal industrial para atender a indústria do petróleo, transformado em projeto de porto de múltiplo propósito, para granéis sólidos, líquidos, contêineres e carga geral. Com um ramal ferroviário subutilizado hoje, conectado à ferrovia Vitória-Minas, a região pode constituir uma verdadeira plataforma logística, ligada à interlândia brasileira produtora de grãos, com três dias menos que a ligação para Santos. Segundo um especialista em ferrovias, tudo ficaria ainda melhor com um antigo projeto de contorno da Serra do Tigre na região de Belo Horizonte.
Essas informações saíram do Primeiro Circuito Virtuoso da Indústria de Óleo e Gás no ES, articulada e bem sucedida iniciativa para mostrar o potencial da região para vários atores do setor nacional de petróleo. Aracruz é a bola da vez.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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