Depois das revoluções acontecendo nos transportes com o Uber, nos hotéis com o Airbnb, na telefonia com a Apple, na TV com Netflix, nas livrarias e no comércio em geral com a Amazon, vem aí um terremoto agora no sistema bancário. Como esses outros exemplos, o abalo vem não de empresas do ramo original, mas de empresas de tecnologia. As denominadas “ fintechs”(financial technology) são empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros e não bancos que usam tecnologia. O Lending Club, uma espécie de “Uber dos empréstimos” é líder nos EUA desses empréstimos de pessoa-a-pessoa que conectam, via internet, pessoas que buscam dinheiro a quem queira emprestar. O Lending Club já intermediou mais de 6 bilhões de dólares em empréstimos para mais de 400.000 mutuários. Grandes bancos começam a se preocupar com este seu “momento Uber”, prevendo que o número de agências e de empregados pode cair até 50% nos próximos anos.
Outra novidade no setor financeiro é a moeda digital Bitcoin que tem a característica intrigante de ser uma moeda que independe de governos para emití-la. É uma tecnologia digital que reproduz em pagamentos eletrônicos a eficiência dos pagamento com cédulas. Esses pagamentos são rápidos, baratos e sem intermediários e podem ser feitos para qualquer pessoa, que esteja em qualquer lugar do planeta, sem limite mínimo ou máximo de valor. As transações usam um engenhoso sistema distribuído de validação pela multidão na rede com criptografia e assinaturas digitais chamada Blockchain, considerada revolucionária para utilização em outras áreas, também sem intermediários. A tecnologia do Blockchain pode ser usada para qualquer coisa que represente valor, além de moedas: registros de propriedades, patentes, direitos autorais, certidões de nascimento, casamento e óbitos. Imagine negociação de ações sem bolsas, transações imobiliárias sem escrituras ou cartórios e transações em geral sem câmara de compensações. Será a era dos contratos inteligentes, reduzindo burocracia e o papel dos governos no registro de informações dos cidadãos.
Várias grandes empresas do mundo, inclusive brasileiras, e as grandes universidades americanas, MIT à frente, estudam programas com tecnologia Blockchain. A candidata Hillary Clinton colocou na sua plataforma para tecnologia e inovação, como candidata a Presidente dos EUA, o desenvolvimento da tecnologia Blockchain para aplicativos de serviços públicos. Teremos um capitalismo baseado nas multidões, sem intermediários, com contratos inteligentes e com um controle maior dos cidadãos sobre os seus dados.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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