Quando bate a vontade ou a necessidade de ser empresário, a tendência de muitos é ir atrás do que está na moda. Antigamente eram videotecas, depois cupcakes e iogourterias, seguidas do açaí, barbearias, cervejas artesanais, hamburguerias, esmalterias e por aí vai, em um mergulho no oceano vermelho. O livro “A estratégia do oceano azul”, dos professores W. Chan Kim e Renée Mauborgne, de 2005, já é considerado antigo pelos padrões de velocidade atual, mas criou a imagem do oceano vermelho, onde concorrentes se enfrentam em uma batalha sanguinária. Alguns ainda conseguem sobreviver, embora ensanguentados, com alguma criatividade. A alternativa seria detectar e explorar novos mercados, livres de concorrentes, um oceano azul. Em vez de entrar na competição com empresas já estabelecidas no mercado, seu foco é encontrar consumidores que foram negligenciados, que estão sendo mal atendidos ou que nem imaginam o que lhes pode ser oferecido.
O pensamento estratégico se concentra no oceano vermelho, provavelmente porque a estratégia empresarial tem origem na militar, que significa enfrentar um adversário e combatê-lo para a conquista de um determinado território. Desse modo, nega a força diferenciadora do mundo dos negócios: a capacidade de criar novos mercados inexplorados, mudar o campo de batalha, tornando a competição irrelevante e criando inovação de valor fora do oceano vermelho.
No final do século passado, os programas de qualidade pregavam a necessidade de fazer mais rápido, melhor e mais barato. Depois, a novidade era fazer diferente. O século 21 mostrou que o importante era fazer primeiro. Enquanto uns vivem do passado, outros até tentam se preparar para qualquer futuro que vier, mas se dão bem realmente aqueles que criam o futuro. Assim fizeram a Apple, com o iphone, o Uber e o Airbnb, mas também por aqui a CBN, quando lançou no Brasil a rádio que toca notícia ou a capixaba Hortifruti ao colocar ar condicionado e estacionamento em um sacolão de frutas e verduras bem selecionadas. Quando perguntaram a Steve Jobs se ele fazia pesquisa de mercado, ele respondeu que não cabia ao cliente dizer o que quer, principalmente porque ele não imagina o que pode ser feito. Às vezes não precisa ser exatamente o primeiro, como Jeff Bezos não foi em e-commerce com a Amazon, ou Jobs, que viu o futuro quando lhe apresentaram a interface gráfica, o mouse e os ícones no laboratório da Xerox e ele copiou e lançou a novidade primeiro no mercado. Não é fácil, mas milhares de startups no mundo fazem exatamente isso, uma busca desenfreada por difíceis oceanos azuis.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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