Até pouco tempo, os estudantes no Brasil entravam na universidade pensando em se formar e conseguir um bom emprego. Hoje, em muitos cursos, boa parte dos alunos já entra pensando em empreender um negócio. Algumas realidades incentivaram essa perspectiva: histórias de startups de sucesso, o baixo custo das iniciativas digitais, a desmistificação da programação de computadores, os cursos de empreendedorismo, a transformação digital de todos os setores da economia, a proliferação de empresas júnior e os hackatons e startups weekends. Mais recentemente algumas universidades passaram a aceitar projetos de negócios em lugar dos tradicionais trabalhos de conclusão de curso. E organizam, de forma recorrente, concursos de projetos, onde os alunos se preparam durante meses, identificando problemas reais a serem resolvidos, fazendo pesquisas de mercado, elaborando e testando protótipos, preparando planos e modelos de negócios e apresentando pitches para bancas de avaliadores e possíveis investidores. Essas iniciativas funcionam se forem bancadas pela alta administração da universidade, com preparação e cobrança dos professores para apoiarem os alunos e desaguando em um evento que misture feiras com apresentação dos projetos, premiação em dinheiro, apresentação de exemplos de sucesso no mercado e palestras de especialistas. O clima festivo incentiva o empreendedorismo.
Está pacificado que a universidade existe para formar recursos humanos e avançar o conhecimento. Esse entendimento se ampliou para que ela participasse mais de projetos na realidade em sua volta, seja na vizinhança, cidade, estado ou país. Mais recentemente, finalmente, essa visão de formar empreendedores capazes de transformar a realidade, gerar empregos, criar riqueza e aumentar a produtividade do país está se difundindo no ambiente acadêmico. O melhor é que esse espírito vem com a ênfase na inovação, na valorização da pesquisa e desenvolvimento, na realidade da disputa de mercado e, cada vez mais, sem as amarras de se confinar ao território nacional.
Há um poderoso e pulsante movimento empreendedor subterrâneo pronto para explodir para o bem do país. Que se espalhe rapidamente.
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