O Petróleo e o futuro

A indústria do petróleo deve demandar 400 bilhões de dólares em bens e serviços até 2020 no Brasil, é o que mostra a “Agenda de Competitividade da Cadeia Produtiva de Óleo e Gás Offshore no Brasil” elaborado pela Onip. Isso representa escala suficiente para desenvolver uma sólida cadeia produtiva no país. Com esse investimento a produção de petróleo no Brasil deve passar de aproximadamente 2,3 milhões de barris dia hoje para 6,1 milhões de barris dia em 2020. A cláusula de conteúdo local obriga operadores  a adquirir um percentual de 65%, na média, em bens e serviços de fornecedores brasileiros  para o offshore. Contudo, segundo o estudo da Onip,  o percentual efetivo encontra-se bem abaixo, entre 30% e 35%. Essa é a grande oportunidade do Brasil evitar a “maldição do petróleo” que faz com que a abundância da riqueza mineral finita provoque um descaso com o desenvolvimento duradouro de uma indústria de equipamentos. Partindo de uma base industrial inexistente, a Noruega fez da cadeia de petróleo uma importante indústria nacional, que atualmente representa quase 25% do PIB. Outros países deixaram passar essa oportunidade como o caso notório da nossa vizinha Venezuela.

Considerando-se os itens básicos do setor como sísmica, exploração e avaliação, construção de sondas, construção de unidades de produção, desenvolvimento de produção, construção de petroleiros e barcos de apoio( e o setor de navipeças associado), o estudo apresenta os problemas que temos para criar essa cadeia. Carga tributária, custo de capital, burocracia, baixo investimento em tecnologia, carência de pessoal qualificado entre outros fazem com que, por exemplo, um tipo de válvula borboleta custe aqui 250% a mais do que na China. Quando o estudo desdobra as demandas de equipamentos e serviços, encontramos números como uma demanda da ordem de quase 68 milhões de homens-hora de engenharia até 2020, enquanto a construção dos navios de grande porte irá requerer 1,1 milhão de toneladas de aço e volumes significativos de grandes equipamentos.

Por outro lado, a cadeia do petróleo gerava perto de 420.000 empregos em 2009 incluindo o efeito-renda provocado. A estimativa do estudo é que esse número poderá passar para 2.500.000 em 2020 se forem adotadas as políticas corretas para o desenvolvimento nacional de uma cadeia ou ficar próximo a 600.000 se errarmos o caminho, gerando esse saldo de empregos no exterior.

Esses e outros temas foram debatidos no evento Vitória Oil & Gas  realizado com sucesso de 24 a 26 de outubro e que colocou o Espírito Santo, segundo produtor de petróleo do país, no roteiro das exposições e conferências do setor.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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