Existe uma instituição nacional chamada “fulano da ambulância” que pode ser Zé, João, Carlinhos, Célia ou Rosa. Experimente colocar o seu nome no lugar de fulano e poderá encontrar um “xará da ambulância” pelo interior do país em pesquisa no Google e, espantosamente, todos candidatos ou vereadores eleitos. Esse fenômeno acontece aqui no Estado também. Como normalmente é difícil o atendimento à saúde no interior, as ambulâncias fazem o leva e trás de pacientes para as cidades maiores. O motorista passa a ser figura de destaque na cidade e acaba virando vereador. Esse perigoso, caro e irracional passeio de ambulância será bastante reduzido com a atenção primária e o atendimento especializado realizados no interior, como vem acontecendo com o excelente programa Rede Cuidar do governo do Estado. Atendimento com horário marcado para consultas e exames, profissionais de especialidades variadas, consórcio de prefeituras em parceria com o governo do estado e escolha de dirigentes profissionais e não por indicações fisiológicas caracterizam uma visão moderna e descentralizada da saúde. O programa está em implantação em 5 regiões(Nova Venécia e Santa Teresa já funcionando) e custa em torno de 5 reais por habitante/ano ao município, valor baixo e compatível com as finanças de pequenos municípios. O programa ajuda a reduzir a demanda por hospitais da região metropolitana, desafogando o atendimento, enquanto as compras são feitas regionalmente, quebrando o interesse de grandes fornecedores.
Porém esse não é o único problema da saúde. Persiste o absurdo da judicialização do atendimento, onde juízes que não foram eleitos posam de executivos da saúde, furando filas, exigindo compra de remédios caríssimos que salvam uma vida conhecida e matam muitos desconhecidos pela falta dos recursos usados. É tão escandaloso que muitos vão direto ao juiz, antes mesmo de passar por uma triagem médica. E, se não cumprir, o secretário de saúde pode ser até preso. Essas ações cresceram 347% entre 2011 e 2016 frente a um crescimento populacional de 12%.
Problema desnecessário e mesquinho é a reação ideológica e corporativista à utilização das organizações sociais para gerir unidades de saúde. Quem já passou pela administração pública conhece o inferno burocrático para aquisição de insumos. A terceirização agiliza e barateia os processos e permite uma avaliação de mérito dos serviços profissionais, prática que sindicatos corporativistas detestam.
A saúde tem problemas sérios no Brasil, mas é importante ver coisas boas em andamento, apesar do atraso de algumas cabeças.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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