O negócio dos dados

Dados são o novo petróleo, diz uma frase já batida. O que aconteceu para gerar essa importância toda?

Aconteceu que o custo de armazenar dados cai exponencialmente há 50 anos, como previsto na Lei de Moore, e tende para zero, como podemos constatar nas ofertas crescentes de espaço na nuvem e nos nossos celulares. A capacidade de processar dados aumentou também exponencialmente, permitindo trabalhar com volumes imensos, até os não estruturados como imagens, vídeos, sons e sinais vindos da crescente internet das coisas(IoT). Esses dois processos viabilizaram a expansão da internet, as mídias sociais, a digitalização e a comunicação de tudo e o acesso de metade( e crescendo) da população mundial a esse macro ambiente, gerando uma imensidão de dados.

Sistemas que usavam antigamente apenas amostras do universo de dados para estabelecer conexões, pelo custo de armazenar e dificuldade de processar grandes volumes, agora trabalham com a massa real de dados. Esse uso gerou a necessidade de avançar na capacidade de processar e extrair informações desses dados, o que levou aos algoritmos complexos e à inteligência artificial. Da mesma forma, disseminou o uso da nuvem, para ter onde caber tudo isso, e provocou o avanço das redes(fibras óticas, satélites, 3G, 4G, 5G e muito mais que virá por aí) para poder trafegar esses dados e informações de um lado para outro.

Mas aí também começam os problemas. O Google sabe muito da nossa vida, porque perguntamos a ele tudo e mais um pouco, o Maps sabe onde temos ido, o Facebook sabe com quem nos relacionamos e o que pensamos, a Amazon e outros sabem nossas preferências de produtos, o Twitter sabe quem seguimos e pode deduzir muita coisa, e o Instagram pode avaliar até nossa personalidade. E ainda bem que o WhatsApp não é uma rede social para medir todas as baixarias, desvios de personalidade e brigas de amigos e famílias.

Essas informações valem ouro para quem quer nos vender coisas. E com isso podem até manipular nossa mente, gerando necessidades onde não existem ou influenciando até nosso voto, como ficou escancarado na eleição do Trump e na nossa. Daí se afirmar que na internet o produto é você.

Mas também começam as reações. A Europa se rebelou e lançou uma legislação restritiva ao uso desses dados, seguida por várias partes do mundo ocidental, inclusive o Brasil. A lógica é que esses dados pertencem a você e você tem o direito de saber como eles foram coletados, o que está sendo feito com eles, e tem que autorizar o seu uso. E tem direito até ao esquecimento, apagando o que não interessa. Essa briga vai longe.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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