Para o novo governo o maior desafio é retomar o crescimento. De 1985 a 2017 o PIB per capita cresceu menos de míseros 1,5% ao ano. Desse jeito nunca seremos um país desenvolvido. E tem que ser rápido. As sequelas de 13 milhões de desempregados aparecem na degradação social e na segurança de todos.
Crescimento significa produtividade. Por que? Produtividade, de maneira bem simples, significa fazer mais com menos. Em uma empresa, sobra mais dinheiro no final, que pode implicar em aumento de salários e contratações de novos empregados que geram consumo ou poupança. Pode virar treinamento, ampliação do negócio, melhoria dos processos, inovação ou novos negócios. Pode ser distribuído como lucro aos acionistas, que se transforma em novos investimentos ou poupança que os bancos vão emprestar. A competitividade pode vir com o espaço para redução de preços de produtos. Para o país como um todo a consequência é maior crescimento.
E o que trava a produtividade no Brasil? Muita coisa. A produtividade do trabalhador brasileiro é 17% de um americano, basicamente pelo baixo nível de educação. A logística custa 32% na soja brasileira e apenas 18% na soja americana. O Banco Mundial afirma que isso pesa mais do que a falta de acordos bilaterais ou o protecionismo agrícola dos países desenvolvidos. Juros são altos porque o país gasta mais do que arrecada. Com isso, aumenta impostos, toma emprestado de nós com títulos públicos e aumenta perigosamente a dívida. A possibilidade de calote faz qualquer credor pedir mais juros para emprestar. Os bancos colocam em cima dos juros básicos um spread pela dificuldade de retomar bens dados em garantia, uma das mazelas da nossa estrutura jurídica.
Tudo isso caracteriza um ambiente de negócios desfavorável, amplificado pelo preconceito ideológico anacrônico contra privatizações e favorável a um protecionismo retrógrado, aliado do atraso empresarial lobista de subsídios que prejudicam a saudável competição. O Brasil é um dos países mais fechados no critério da soma de importações e exportações sobre o PIB. A abertura comercial é importante para pressionar a competitividade, eliminar empresas improdutivas e aumentar a produtividade geral.
Mas onde está o fio da meada para desenrolar esse novelo? Tem de começar pela reforma da previdência, que representa 50% dos gastos anuais do governo. Sem isso não sobra dinheiro para infraestrutura, os juros e os impostos ficam altos, a produtividade não anda, a confiança dos investidores não volta e o crescimento não acontece. Mas tem muito mais coisas a fazer. A ladeira é íngreme e alta.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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