Já entendemos como a vida é codificada(genoma, DNA) e já sabemos copiar esse código da vida com a clonagem. A grande revolução agora é que também podemos editar esse código quase como se editavam códigos de software no início. Essa é um das bases da bioeconomia, o conjunto de atividades econômicas relacionadas à invenção, desenvolvimento, produção e uso de produtos e processos biológicos. A biotecnologia moderna já possibilita a criação de novos produtos e processos, tais como energia renovável, alimentos funcionais e biofortificados, biopolímeros, novos materiais, medicamentos e cosméticos.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta no mercado mundial 2 trilhões de Euros e gera 22 milhões de empregos.
O impacto se dará na saúde, no agronegócio, na energia e na química, escancarando novas possibilidades para a vida das pessoas e do planeta. Podemos ter uma medicina de precisão personalizada com muito maior eficácia. Usinas de açúcar e álcool se transformarão em biorrefinarias, produzindo químicos renováveis. A Embrapa já comprovou que sementes de soja geneticamente modificadas podem constituir uma biofábrica eficiente para a produção em larga escala de insumos, como medicamentos e fibras. A edição genética permite modificar animais para se alimentarem menos ou a criação de plantações resistentes à seca. Vacas serão projetadas para produzir leite com o elemento da coagulação do sangue que falta aos hemofílicos. Genomas dos porcos já estão sendo editados para gerar órgãos para transplantes em humanos sem rejeição. A biologia sintética permitirá a impressão de tecidos humanos em impressoras 3D. Os pais poderão projetar filhos com determinada característica o que provocará sérios problemas éticos, sociais, médicos, jurídicos e psicológicos.
Onde isso vai parar? Não vai. Podemos usar a imaginação para vislumbrar pais projetando filhos para serem imunes ao funk ou ao pokemon . O mercado negro venderá cópias do código genético da Gisele Bundchen, da Camila Pitanga ou do Brad Pitt para edição. Atletas serão apanhados em doping genético do Phelps ou do Bolt. A edição genética poderá garantir a reprodução de seres em extinção como os micos leões dourados ou, quem sabe, torcedores do Botafogo. As pessoas terão seu personal porco para gerar órgãos personalizados para a troca. Pessoas nascerão com certificado de garantia e baixarão na Kurhumano para troca de fígado ou juntas, desentupimento de artérias, alinhamento de coluna e balanceamento de quadril.
Que viagem, hein? Ainda bem que hoje é domingo.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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