O planejamento do estado, estruturado no documento ES 2025, excelente em quase todos os aspectos, deixa a desejar na previsão do futuro ao enxergar 2025 com parâmetros do passado. Se lembrarmos que há 15 anos a internet era desconhecida, não existiam Google, Skype, Orkut ou Facebook, o celular era para poucos, energias alternativas, globalização, nanotecnologia, biotecnologia e sustentabilidade apenas começavam a entrar em pauta, redes sociais e comércio eletrônico não existiam como conceito e a informática doméstica, pessoal, móvel e instantânea eram peças de ficção, como será então o mundo em 2025, daqui a 15 anos?
Internet nas escolas e banda larga para todos não é fita de chegada, é tiro de partida. O ensino terá que se modificar radicalmente para se adaptar às novas mídias que serão amplamente disseminadas em 2025. Podemos imaginar uma aula de geografia com as ferramentas do Google Earth e 3D, a utilização de jogos no aprendizado, simuladores em software para física e química, e-readers para acesso amplo a livros e textos, acesso móvel instantâneo a vídeos e todo tipo de conteúdo. As cidades digitais não serão as que apenas têm antenas nas praças para acesso público à internet, mas aquelas que colocam todas as informações e os serviços públicos disponíveis à população em uma transparência, interatividade e facilidade de acesso absolutamente previsíveis com mais quinze anos. Um planejamento para 2025 deve partir dessa e de outras visões e ver o que deve ser feito hoje para antecipar demandas e aproveitar as oportunidades que surgirão. Por exemplo, está na hora de debater a oportunidade de uma universidade pública estadual que avance o conhecimento para as soluções e oportunidades do Estado. O Espírito Santo é um dos quatro estados que não dispõem de uma universidade estadual, junto com Acre, Sergipe e Rondônia. Vários estados têm mais de uma. Será que estamos certos e todos os outros errados? A idéia que se propagou que temos uma Universidade Estadual virtual onde o Governo compra vagas em escolas privadas no Programa NossaBolsa é interessante, inovadora e necessária porém insuficiente, além do que grande parte das vagas é para cursos mais baratos que não exigem grande infraestrutura de laboratórios e, principalmente, um conjunto de cursos não constitui uma universidade. O papel da universidade é não só formar recursos humanos, mas também ampliar o conhecimento. Quando verificamos os resultados dos sucessivos editais patrocinados pelo MCT e suas agências, vemos pouquíssimos projetos aprovados para o Estado, principalmente pela pouca capacidade de pesquisa instalada. Estudos mostram que o percentual de mestres e doutores no Estado é bem menor que a sua participação no PIB nacional, provavelmente pela falta de espaço de trabalho como pesquisadores. Cada vez menos a atração de empresas para o Estado se dará por incentivos fiscais ou localização e cada vez mais pela existência de talentos. A argumentação de que uma universidade pública estaria mantendo uma máquina pesada de custos com funcionários públicos é válida e deve entrar na conta. A proposta é reabrir essa discussão de forma a que o Estado tenha um maior controle sobre o seu futuro e a sua capacidade de geração de conhecimento, o motor da economia em 2025. Com o Estado ultrapassando 1 bilhão de reais em capacidade anual de investimento, cabe reservar uma parte para uma Universidade Estadual? Afinal, já aprendemos que não podemos atrelar o nosso futuro a decisões que dependam apenas do Governo Federal, seja ele qual for.