A transformação digital já atingia vários setores da economia quando caiu o asteroide da pandemia, provocando turbulências e quebradeira em muitos deles. Porém, assim como os dinossauros teriam sido extintos pela queda de um asteroide, permitindo que milhões de anos depois a raça humana se desenvolvesse, também esse novo asteroide minúsculo, um vírus, promove a extinção de outros dinossauros e permite o surgimento de um novo mundo. De repente, a justiça, lenta no mundo digital, permite audiências à distância, despachos por Zoom e defesas feitas remotamente até no STF, que já se reune por aplicativo. Até o Congresso Nacional promove sessões remotas, sem necessidade de aviões, hotéis e carros oficiais.
A telemedicina, antes travada pelo corporativismo médico, foi liberada pela falta de opção desses mesmos médicos de atender uma população que tem medo de ir ao consultório. A possibilidade de acesso de locais remotos aos melhores centros de saúde justifica toda mudança em prol de uma igualdade mínima de atendimento. Muitos procedimentos médicos podem ser feitos com a supervisão local de um médico de outra especialidade, ou mesmo por um enfermeiro, ou, em casos mais simples, diretamente com o paciente para uma primeira orientação.
A reclamação recorrente que as salas de aula têm a mesma aparência de 100 anos atrás já pode ser contestada. Aulas à distância vão se sofisticar rapidamente. Aulas de geografia com realidade virtual, permitindo viagens virtuais e visualização de acidentes geográficos podem ser revolucionárias. O passeio dentro de um átomo em uma aula de física ou química não tem preço. A impossibilidade do presencial gera inovações quase instantâneas na luta pela concorrência e até pela sobrevivência. Vamos ter que resolver o problema da escola pública sob pena de um novo salto na desigualdade – grande parte dos alunos não têm computadores ou internet. E precisamos de uma solução para a educação de crianças pequenas enquanto não puderem voltar para a sala de aula.
A pandemia mostrou outro grande problema que o mundo digital sabe como resolver, mas não foi acionado, a falta de dados: o governo precisou distribuir os 600 reais para trabalhadores informais, mas não sabe como encontrá-los, estão invisíveis.
Que tenha fim a era dos dinossauros analógicos.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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