A Gazeta
01/08/2011
Evandro Milet
O Instituto Jones dos Santos Neves estima em R$ 98,8 bilhões o total de investimentos no Estado até 2015. Portanto, até 2020 o número pode ser até maior do que aqueles R$ 150 bilhões repercutidos pelo então presidente da Findes, Lucas Izoton, em entrevista neste jornal. O fato é que o Brasil atinge hoje um PIB de R$ 3,8 trilhões, número medido pelo IBGE, e que não se presta a dúvidas. O PIB do ES alcança R$ 80 bi. É bom começarmos a nos acostumar com grandes números gerados a partir da estabilidade da economia brasileira e dos anos sucessivos de crescimento da economia brasileira e mundial.
O ex-presidente da Findes é uma figura especial na constelação de líderes capixabas. Virou folclore seu gosto pelos números, utilizados à exaustão – e precisão – nos discursos e entrevistas, sempre exaltando o crescimento capixaba, sempre defendendo o Estado em todos os ambientes, principalmente neste momento ameaçado por briga de royalties e extinção do Fundap, onde enfrentamos a força avassaladora e unida de quase todos os outros Estados.
Como ele gosta de dizer, nascido na Rua do Lixo em Vila Velha, transformado em engenheiro e empresário, é um incansável empreendedor eclético, ora liderando a indústria capixaba, ora lançando projetos pessoais em ramos diversos, ora participando da criação dos Passos de Anchieta, versão brasileira do Caminho de Santiago – por onde, aliás, ele andou -, ou escrevendo livro para salvar o planeta da crise ambiental.
No universo muitas vezes provinciano de lideranças e idéias, onde as fronteiras capixabas são o limite de atuação, é bom ver alguém que se aventura por aí, tentando fazer negócios na China, colocando a marca de sua empresa em 1,8 mil cidades brasileiras ou se elegendo vice-presidente da poderosa CNI.
A personalidade exuberante e inquieta – que já lhe valeu o apelido de izotônico – provoca toda espécie de reação. Ora acusado de vaidoso – mas quem não é? -, ora percebido como espaçoso por quem não gosta de dividir espaços, chama a atenção o desassombro quase inconseqüente e raro, porém cuidadoso, com que se confronta com personalidades difíceis. No nosso Estado, onde alguém sempre procura puxar o que está subindo, é saudável ver alguém transparente, apoiando tudo que contribui para o Estado e inventando até um novo ponto turístico, um centro cultural em forma de nave espacial, bem condizente com suas idéias.
Afinal, à semelhança de Cazuza na letra de “Exagerado”, ele provavelmente também diria: “Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais”.
Evandro Milet é consultor de empresas