A Rota da Seda era um conjunto de caminhos alternativos usados no comércio da seda por caravanas e embarcações que ligavam a China e a Europa na antiguidade.
Em 2013, o Presidente chinês Xi Jinping lançou a iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative – BRI) para recriar uma Rota da Seda com investimentos pesados em infraestrutura, inicialmente na Ásia, Europa e África, mas atingindo hoje 80 países, inclusive o Brasil. A BRI prevê 1 trilhão de dólares, sete vezes o que os EUA gastaram com o Plano Marshall depois da 2ª Guerra Mundial.
Nos séculos 18 e 19, os ingleses construíram ferrovias e portos no mundo inteiro, ocupando suas indústrias, gerando empregos, abrindo mercados para seus produtos e emprestando dinheiro aos países, gerando dependência e juros. Os americanos fizeram o mesmo nas décadas de 1940 e 1950. Agora é a vez da China, que pretende concluir seu megaprojeto até 2049 – quando a revolução popular chinesa, liderada por Mao Tse-Tung em 1949, completará cem anos. O que era uma revolução comunista se transformou numa revolução capitalista globalizada de estado.
Enquanto os Estados Unidos se voltam para dentro com a estratégia de “America First”, a China se conecta com o mundo. Em 1991, seus investimentos no exterior eram de apenas US$ 3 bilhões. Hoje, passam de US$ 170 bi. A China é o maior parceiro comercial do Brasil com inéditos 100 bilhões de dólares em 2018. Atualmente há dois projetos BRI no Brasil: a linha de transmissão de Belo Monte para o sudeste e um Porto em São Luís/MA.
O governo federal não dá muita atenção à China nas suas relações com o exterior. Mas o Espírito Santo tem uma forte relação com esse país, principalmente com as exportações de minério, celulose e rochas, e lá seus executivos e empresários já estiveram centenas de vezes. O Governo Estadual poderia aproveitar esse relacionamento para se conectar ao BRI em uma diplomacia governamental que trouxesse investimentos em infraestrutura. Eliezer Batista dizia que o melhor caminho para o Pacífico era pelo Atlântico e a rota a partir do Espírito Santo tem um custo de transporte mais barato que pelo norte. Um porto de águas profundas como o Porto Central e a retomada do antigo projeto da Ferrovia 354, que conecta o centro-oeste e Minas ao litoral do Rio e ES, e que já interessou aos chineses, podem ser pauta de uma agenda digna da BRI. Os novos recursos do petróleo, anunciados recentemente para uso na infraestrutura, poderiam patrocinar um projeto para essa ferrovia, em parceria com os governos de Minas e Rio, para ser apresentado a possíveis investidores.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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