Nhenhenhem tecnológico

Barack Obama faz discursos sobre a importância dos Estados Unidos avançarem na tecnologia de carros sem motorista para manter o país na vanguarda tecnológica. Hillary Clinton inclui em sua plataforma de candidata apoiar a solução de blockchain, inovação radical no mercado financeiro. Líderes mundiais colocam a inovação na pauta política, entendendo o seu efeito na economia e nos empregos.

Aqui, depois de mais de vinte anos de idas e vindas sobre a implantação de um parque tecnológico em Vitória, finalmente conseguiu-se dar um passo adiante, com área definida, recursos federais e início de construção, em Goiabeiras, ao lado da Ufes – como convém a um parque.

E não é que os caranguejos tecnológicos começaram a se movimentar para puxar a perna do parque que tenta sair da cesta! Isso depois de Pernambuco implantar com sucesso seu Porto Digital, motivo de admiração de toda a comunidade tecnológica nacional, Santa Catarina implantar seu Sapiens Parque, Rio ter seu parque junto à UFRJ e Rio Grande do Sul, do Norte, Paraná, São Paulo, Brasília etc. estarem empenhados no mesmo tipo de projeto.

O ex-deputado e jornalista Márcio Moreira Alves dizia que se alguma coisa só acontece no Brasil e não é jabuticaba é besteira. Inventaram agora a jabuticapixaba, besteira que só prolifera por aqui. A essa altura do campeonato, ainda tem gente equivocada defendendo a ideia de fazer o parque no centro da cidade, numa visão acanhadinha que parque é para abrigar startapizinhas em salinhas. Seria um parquinho, com certeza.

Se o centro for revitalizado e também abrigar startups, ótimo. Mas um parque tecnológico  projeta a imagem de uma cidade inovadora, atraindo centros tecnológicos de grandes empresas que procuram locais de efervescência criativa, incentivando a formação de pessoas e criando os empregos e as empresas do futuro. Recursos financeiros são oferecidos pelas agências federais para implantação e operação desses parques, e parcerias internacionais são ofertadas.

Vitória tem poucas áreas livres disponíveis para projetos desse tipo. É um crime contra o futuro da cidade abrir mão de uma área reservada para esse fim, para abrigar espigões residenciais que não contribuem em nada para esse futuro.

Temos um promissor número de startups digitais em operação incubadas ou aceleradas, as próprias incubadoras e aceleradoras, um interessantíssimo conjunto de empresas de TI e outras desenvolvendo peças e equipamentos para a indústria do petróleo(petropeças) abrigadas na Tecvitória, todas aguardando para se instalar no Parque. Já demoramos muito. Chega de nhenhenhem.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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