Duas visões se contrapõem hoje para o futuro do país. Uma preconiza um projeto nacional, onde se escolheriam setores estratégicos e que receberiam recursos e subsídios. Nessa visão o governo tem um papel central na organização da economia. Porém, mais governo implica em mais impostos. Outra visão defende universalizar a qualidade na educação, criar um ambiente de negócios favorável com redução e simplificação de tributos, juros baixos – que dependem de equilíbrio fiscal -, incentivo ao empreendedorismo e redução de tarifas de importação para estimular a competitividade internacional das empresas. Nessa visão o aumento da produtividade é fundamental não só para indústrias, mas para todos os setores, onde aqueles que tiverem competência sobreviverão.
Essa visão critica os programas de substituição de importações que teriam distorcido as prioridades, com baixa produtividade, pouca competição internacional e muitos incentivos, subsídios e barreiras de importação. O PIB brasileiro corresponde a aproximadamente 2,5% do PIB mundial. O que é mais razoável: reservar esse mercado ou ter capacidade de disputar os outros 97,5%?
Na primeira visão as ações de pesquisa e inovação têm o viés de privilegiar os setores ditos estratégicos. Commodities são vistas como ponto negativo, se não houver agregação de valor para, por exemplo, transformar minério em aço, automóveis ou computadores.
Na segunda visão, a ênfase é na educação e no aumento de produtividade. Commodities são parte fundamental. Se têm preço internacional padrão, seus custos de produção podem ser reduzidos com agregação de valor na cadeia, com inovação e logística, aumentando a margem das empresas e gerando valor e crescimento. É o que acontece com a tecnologia na exploração de petróleo, na mineração e na agricultura. Nesse caso, as vantagens comparativas do país puxam um padrão de desenvolvimento, a pesquisa, a inovação e um tipo de indústria coerente. É o caso da Austrália, por exemplo.
A primeira visão procurou a industrialização, na tentativa de se aproximar dos países desenvolvidos, sem atentar que todos eles, antes de mais nada, resolveram o problema da educação.
A segunda visão, com educação, apoio ao empreendedorismo, equilíbrio fiscal, ambiente de negócios facilitador, menos impostos, menos governo, menos burocracia, abertura econômica e aumento de produtividade, pode transformar o país, ampliar a complexidade produtiva e acabar com esses voos de galinha na economia. Crescimento constante gera empregos e pode eliminar a pobreza, se vier acompanhada de bons programas sociais.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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