Em uma palestra, o diretor de uma empresa aérea disse que metade da população tem medo de avião e a outra metade mente. Uma amiga nunca viaja porque tem certeza que o dia que viajar o avião cai. Já vi pessoas desistirem na porta do avião, outras surtam lá dentro, outros tomam todas para esquecer onde estão e por aí vai. Um amigo disse que não viaja em coisa mais pesada que o ar, com motor à explosão e inventada por brasileiro. Milton Campos, político mineiro, ao passar mal no avião e a aeromoça perguntar-lhe se estava sentindo falta de ar, sussurrou: “Não, eu estou sentindo falta de terra.”
A chance de uma pessoa morrer em acidente aéreo é uma em 11 milhões. É muito mais improvável que morrer em acidente de carro(1 em 5 mil) ou até mesmo atacado por um tubarão(1 em 3,7 milhões).
Se acontecem três acidentes no mesmo período, pronto! A bruxa está solta. Quem lançar um dado muitas vezes verá, de vez em quando, sequências do mesmo número. Da mesma forma, se acontecem alguns acidentes no mesmo período de tempo, será apenas um fenômeno estatístico, sem bruxas.
Se todas as vezes em que alguém tivesse pressentimento ou sonho que o avião iria cair com ele ou com familiares, o avião realmente caísse, seriam muitos desastres por dia. Mas quando o acidente acontece aparecem logo as histórias de visões e sonhos.
Da mesma forma, quem costuma viajar muito sabe que praticamente em todos os voos, os funcionários das companhias aéreas chamam por pessoas que por diversas razões não comparecem. Alguns anteciparam, outros ficaram engarrafados, outros desistiram. O dia raríssimo que um avião cai, esses que não compareceram se consideram abençoados por um milagre.
No caso do avião derrubado pelo co-piloto nos Alpes em março de 2015, em que morreram 150 pessoas, a TV entrevistou um desses que desistiram na véspera que logo atribui o fato a um milagre. Milagre besta! 150 famílias arrasadas e um milagre. Milagre seria se salvassem 150 e morresse apenas 1. Isso lembra o furo da candidata Marina Silva que declarou que foi a providência divina que a tirou do avião em que morreu Eduardo Campos. Em outras palavras, Deus tirou a vida de um para privilegiar a vida dela. Logo alertada para a bobagem presunçosa, calou a boca.
Por isso tudo, aeroportos são lugares de alta tensão. Basta um cancelamento de voo, um aeroporto fechado por mau tempo e pode começar uma confusão, ampliada ao extremo pelo despreparo das companhias aéreas. Um antigo colunista, Art Buchwald, dizia ter descoberto porque os balcões de aeroportos eram tão largos: para você não conseguir agarrar o funcionário do outro lado.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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