Média empresa precisa de governança corporativa?

Por Evandro Milet – Portal ES360 – 24/12/2023

Grandes empresas estão mais habituadas a organizar sua governança com um Conselho de Administração que faz o meio de campo entre a propriedade e a gestão, com algumas funções que alguns resumem na inesquecível sigla METER(Monitoramento, Estratégia, Talentos, Estrutura de capital e Riscos). A participação de conselheiros independentes é fundamental para trazer uma visão de fora, sem ligação imediata com o negócio ou envolvimento com proprietários.

As pequenas empresas têm mais dificuldade de se organizar dessa maneira por terem estruturas menores e menor disponibilidade para arcar com os custos normais da governança.

As empresas médias, porém, já deveriam seguir esse caminho, e muitas já o fazem, não com estruturas pesadas com responsabilidade formal na administração, mas com Conselhos Consultivos, com pessoas experientes que saibam fazer as perguntas que possam evitar caminhos errados e apontar oportunidades. A experiência traz a intuição para sugerir caminhos, prevenir obstáculos e a maneira de aproveitar comercialmente a rede de relacionamentos construída ao longo da vida.

Na sigla sugerida acima, o monitoramento dos números é fundamental. A vontade de fazer coisas pode levar ao exagero de acreditar demais em certos caminhos. Números, indicadores, são implacáveis para trazer a realidade. CAC, LTV, NPS e o que mais medir só ajudam.

Estratégia envolve estar antenado com o ambiente. Ter bem claro e difundido à exaustão na empresa – e principalmente praticado -, propósito, cultura, visão, missão, valores. Saber bem seus pontos fortes e fracos, suas ameaças e oportunidades. O Conselho tem que participar e perceber se a estratégia está sendo seguida. Entrar em novo ramo de negócios, exportar, fazer parcerias, vender produtos ou alugar serviços, buscar receita recorrente, entrar em novos mercados, ser o primeiro ou seguir o líder, crescer ou manter o tamanho, manter o foco, inovar, tudo depende de estratégia.

Talentos não podem ficar fora do alcance do Conselho. Fundamental é um ambiente onde todos querem trabalhar na empresa e ninguém quer sair. E dão resultados, é claro. Mas a manutenção de um clima propício deve ser monitorável também.

A estrutura de capital, o balanço entre recursos próprios e de terceiros é tarefa inalienável para um Conselho de Administração formal, mas também tarefa desejável para as considerações de um Conselho Consultivo. Descontrole de empréstimos ou alienação inadequada de parte da empresa podem trazer grandes problemas.

Riscos são de toda ordem: financeiros, trabalhistas, tecnológicos, políticos, comerciais, ambientais ou de reputação. Um descuido quebra a empresa, em uma época onde as coisas se espalham rapidamente, a inovação é exigência, ESG é mandatório, a concorrência é cruel e a transformação digital muda tudo.

Um Conselho diligente, atuante, envolvido com o negócio colabora muito com a ideia de perpetuar a empresa, gerando valor para todas as partes interessadas.

E um Feliz Natal para todos os leitores.

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