O que têm em comum as inimigas mortais da novela, Patrícia Pillar e Cláudia Raia, com Antônio Ermírio de Morais, Romário, Xuxa, Rubens Barrichello, Caetano Veloso e Galvão Bueno? Resposta: a marcenaria capixaba. Todos eles – e mais um imenso número de globais, políticos, empresários e artistas – quando vão montar casa nova, e os produtores de TV, quando vão especificar ambientes para novelas ou para programas com cenários refinados, costumam encomendar essas peças a uma das mais de 60 marcenarias de alto nível da Grande Vitória, de Linhares ou de Colatina. O design diferenciado e o acabamento primoroso são mais conhecidos fora do Estado em trabalhos que envolvem madeira, aço, granito e vidro – peças que já foram premiadas por revistas especializadas e exibidas em várias mostras como a Casa Cor, no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte. Apesar do sucesso, o setor de móveis por encomenda se depara com problemas que também atingem mais de 140 empresas, entre indústrias de móveis seriados e sua cadeia de fornecedores (a maioria concentrada na região de Linhares), que operam em ambiente mais competitivo, quase predatório, com margens bastante apertadas. A recente e expressiva elevação de custos de insumos básicos, como papelão, plástico para embalagens, resinas e vernizes, difíceis de serem repassados para o custo final, piorou ainda mais a situação, enquanto a valorização do Real reduziu as possibilidades de exportação em um ambiente internacional onde os móveis chineses, com madeira de origem incerta, inundam o mercado. A indústria de móveis por encomenda em princípio não exporta, mas tem como desafio aumentar a produtividade com a utilização de robôs pintores ou furadores e outros processos de automação, na tentativa de ganhar certa escala, garantindo a qualidade. Anualmente, as feiras de Milão e Madri sinalizam as tendências e são acompanhadas pelo setor, que traz principalmente da Itália os novos equipamentos e ferragens, idéias de design e novos tipos de acabamento, incorporados rapidamente aos produtos.
Todos hoje caminham para o associativismo, passando a cooperar através de programas construídos em conjunto com ações que envolvem tecnologia, rodadas de negócios, acesso ao crédito, participação em feiras nacionais e internacionais e capacitação gerencial. O setor percebeu que os principais concorrentes são a China e as empresas informais, que não pagam impostos. A criação da Agência de Negócios da Marcenaria Capixaba, que pretende implantar centros de serviços comuns, é um exemplo dessa nova e correta postura. A participação no esforço do Governo Estadual de atrair para o Espírito Santo uma fábrica de MDF – material aglomerado usado em toda a indústria moveleira em substituição à madeira maciça (o que ajuda a reduzir custos) – é parte desse novo tipo de articulação que envolve ainda ações de adequação à legislação ambiental e ao Código de Defesa do Consumidor, tornando ainda mais competitivo e reconhecido o setor moveleiro do Estado.
Download: Marcenaria capixaba