O recente lançamento da pedra fundamental da Placas do Brasil S/A, indústria de MDF, investimento estratégico para a indústria moveleira capixaba, trouxe uma excelente novidade. Empresários se cotizam para tocar um projeto importante para o Estado e para eles mesmos. Na situação atual de restrição responsável do orçamento do estado, provocado pelo desastre da administração petista rudimentar de Dilma Roussef, é extraordinário noticiar que 40 empresários lançam um modelo societário que depende apenas marginalmente de apoio governamental. Outros sinais apontam para uma evolução do capitalismo capixaba: fundos de capital de risco transitam pelo estado e pelo menos quatro aportes significativos em empresas capixabas aconteceram(Wine e Hortifruti entre eles), além de outras negociações em andamento. O governo do Estado aprovou a criação de uma subsidiária do Bandes para capitalizar empresas, no modelo Bndespar e um aporte significativo de recursos do Bandes no Fundo Criatec do Bndes para aplicação no ES. Falta atrair investidores capixabas avulsos, profissionais liberais ou empresários, para investir parte de sua poupança em fundos de private equity, venture capital ou mesmo como investidores-anjo em lugar de renda fixa, ações e imóveis. As taxas de juros oferecidas pelos bancos e o conservadorismo e o desconhecimento tornam difícil a mudança, mas a fábrica de MDF pode ser um sinal.
Os governos estão com dificuldade de fazer investimentos diretos. Chegou a hora da iniciativa privada parar de depender de governos e assumir a iniciativa de fazer as coisas acontecerem. Os governos já sabem disso e aceleram as propostas de concessões, parcerias público-privadas e operações urbanas consorciadas. A legislação que criou a figura do PMI – procedimento de manifestação de interesse, permite que uma empresa tome a iniciativa de apresentar um projeto de infraestrutura para o governo, que poderá aceitar e iniciar um processo posterior de licitação do projeto definitivo. Se a empresa que apresentou o projeto não vencer a licitação será ressarcida pela ganhadora.
Esse é um lado da modernização capixaba. De outro lado fica a constatação de que o nosso estado representa apenas pouco mais de 2% do PIB e, portanto, as empresas têm de se expandir para fora do estado e do país. Também caiu a ficha da necessidade de inovação e tecnologia, bem como de governança corporativa para profissionalizar a gestão e separá-la da propriedade da empresa. Parece existir uma efervescência empresarial modernizadora, ainda atordoada pela crise, mas as cabeças estão se arejando.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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