Incentivos do bem

Oportunistas ou desinformados sobre o desenvolvimento do Estado usam aritmética simplista, confrontando a falta de recursos para conceder aumentos para a PM com os incentivos para empresas. Seriam necessários 500 milhões para o aumento da PM e são dados 4 bilhões de incentivos, logo é só cortar os incentivos e dar os aumentos. Certo? Não, errado.

O Espírito Santo, até a década de 1970, só tinha café e nenhuma oportunidade razoável de empregos para os capixabas e seus filhos. Incentivos trouxeram as grandes empresas, estas criaram uma rede de fornecedores; portos, ferrovias e rodovias se desenvolveram; o comércio explodiu; serviços se multiplicaram, escolas, universidades e milhares de empregos gerados. Mais gente, mais negócios e a necessidade de mais funcionários públicos e policiais.

É importante entender que, para o desenvolvimento, é preciso fornecer para fora do Estado para atrair dinheiro novo. Quem faz isso é a indústria, o agronegócio, o turismo, a logística, o comércio externo e alguns serviços. O comércio local, que proporciona o maior número de empresas e empregos, e a construção civil vêm depois, fazendo o dinheiro circular.

Os incentivos dados às empresas provocam reações em cadeia. A Leão do grupo Coca-Cola, incentivou a plantação de frutas, antes inexistente. Empresários da indústria moveleira se cotizaram e investiram em uma fábrica de MDF, material básico dessa indústria, alimentando a silvicultura. A indústria de rochas, transformou o estado no centro de referência nacional no setor e maior exportador. A moagem e torrefação agregam valor ao café, carro chefe da agricultura.

A economia se diversifica, movida por incentivos, para não ficar dependente do preço do minério, do aço, do petróleo ou de catástrofes como o caso Samarco, as enchentes e a seca. Nesse caso, temos uma âncora na indústria naval, com o estaleiro Jurong em Aracruz, outra na indústria automotiva com a Volare em São Mateus e outra em bens de capital com a Weg em Linhares, que trazem suas cadeias de fornecimento ou contratam a indústria metal-mecânica local. Os centros de distribuição e bases de comércio eletrônico incentivados fazem da posição logística privilegiada do estado fonte de negócios e empregos.

O Espírito Santo é um estado pequeno. Não temos as estradas, a quantidade de mão de obra e fornecedores capacitados e o poder político de São Paulo. Sem incentivos, os empresários e as empresas irão para lá, junto com nossos filhos e netos em busca de empregos. Aí não precisaremos mais de polícia, porque não haverá ninguém para cuidar nem lojas para arrombar.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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