Faz vinte anos que cheguei ao Espírito Santo, fugindo da violência do Rio de Janeiro, onde tinha morado a maior parte da vida. Recém-casado com uma capixaba, tinha poucas referências daqui. Ao longo da vida ouvi poucas coisas sobre o estado: as praias de Guarapari, as areias monazíticas, o pico da Bandeira, Roberto Carlos e Cachoeiro, Rubem Braga, a fábrica da Garoto, a pajelança de Augusto Ruschi, e as indústrias da época: Vale, CST e Aracruz.
Longe de mim conhecer todo o estado hoje, como meu amigo Ruy Dias conhece e descreve cada distrito, onde certamente levou uma linha telefônica anos atrás. Mas já dá para falar do que me impressionou pela beleza, pelo charme, pela exuberância ou pelo paladar. Vou certamente deixar de fora muita coisa, por falta de espaço, esquecimento ou desconhecimento, mas que pretendo conhecer um dia.
Vou começar por Pedra Azul e região, que me lembrou Itaipava no Rio, há muitos anos, antes de ser invadida pela desordem urbana. Mas lá não tem a Pedra, e isso é fundamental. O charme do quadrado, que Lilian Melo batizou para lembrar Trancoso, preservado por uns abnegados, os restaurantes sofisticados, o agroturismo de palmitos, cogumelos e morangos. E o clima. Alguns locais reivindicam o título de terceiro melhor clima do país, mas ninguém sabe quem são os dois primeiros. Pedra Azul deveria assumir. Na semana passada, fui ver a Serenata Italiana em Venda Nova do Imigrante. Milhares de pessoas nas ruas, vestidas a caráter e a maior concentração de mulher bonita por metro quadrado que já vi. Deve ser a mistura de raças que é única. Os amigos locais Evair Melo e Orlando Caliman me explicaram tudo. Já me deslumbrei com as montanhas do Caparaó – espetáculo visual, mas o Pico da Bandeira não tem o protagonismo que merecia. A Toca da Truta em Ibitirama é imperdível. Santa Teresa é especial. Não lembro de ter visto aquele tipo de praia e dunas de Itaúnas em outro lugar, fora o charme da vila. Na Prefeitura de Linhares vi uma foto aérea deslumbrante das lagoas de Linhares, não achei no Google. Rodei em um barco na bucólica Lagoa Juara na Serra e me senti fora do país. Manguinhos é um charme, mas merece um projeto. As badaladas e exuberantes praias de Peracanga e Bacutia pedem acabar com a sazonalidade. O astral de Meaípe e o sossego de Ubu me atraem. E não vi, nem em Búzios, algo como as Três Praias – um escândalo escondido. Falar de Vitória e do Convento da Penha é desnecessário. E encerro com a moqueca, a palha italiana e o pé de moleque de macadâmia de Castelo. Faltam resorts, mas o Brasil precisa conhecer isso tudo.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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