Fordlândia e terceirização

Em 1920, depois de criar a linha de montagem e com isso dominar o mercado de automóveis, Henry Ford resolveu verticalizar totalmente a produção. Desde a usina geradora de força, até as estradas de ferro que escoariam sua produção, passando pelas minas de carvão, os altos fornos, a fabricação de peças, enfim tudo. Veio bater no Brasil, onde criou uma cidade no meio da floresta amazônica, a Fordlândia,  para plantar seringueiras e garantir a borracha para os pneus dos seus automóveis. Não deu certo e Fordlândia é hoje uma cidade fantasma.

Quase 100 anos depois, a ideia de verticalização da produção ficou totalmente obsoleta, menos na justiça do trabalho, em entidades sindicais e para alguns congressistas no Brasil, parados na Fordlândia, como uma assombração.

A nova lei finalmente libera as empresas para terceirizar atividades-fim e acaba com as interpretações esdrúxulas de juízes do trabalho que precarizam o desenvolvimento do país. Um deles entendeu que as plantações de laranja eram atividade-fim das indústrias de suco e multava seguidamente grandes exportadoras. Outro proibiu o Sebrae em São Paulo de contratar consultores em gestão porque essas atividades só poderiam ser exercidas por empregados, prejudicando o crescimento de centenas de pequenas empresas de consultoria. Processos de terceirização em grandes empresas como a Fibria e a Arcelor ajudaram a criar uma competente rede de fornecedores, que hoje atuam e geram empregos em todo o Brasil.

Quem pode dizer hoje o que é atividade-fim? A Apple terceiriza a produção de smartphones, a Nike não tem fábricas de tênis, a Petrobras terceiriza parte de suas operações para empresas especializadas. Muitas empresas se concentram em projeto, design, patentes, marketing, pesquisa e canais de distribuição, e terceirizam a fabricação ou montagem do produto final com conjuntos fabricados por sistemistas especializados, como a nossa Embraer e as montadoras de automóveis.

Artigos contrários à terceirização de atividade-fim, escritos por professores, sindicalistas ou juízes do trabalho, nunca consideram a gestão das empresas, assunto que desconhecem.

Empresas exigem liderança, cultura, forte relação com clientes, trabalho em equipe, desenvolvimento de pessoas e alinhamento de visões. Não é estratégico que empresas queiram pejotizar sua força de trabalho ligada à atividade-fim e  ainda manter a empresa coesa e competitiva. Empresários têm noção de gestão. E a justiça do trabalho não deixaria passar relações de subordinação e habitualidade que caracterizam vínculo. Vamos acabar com assombrações.

 

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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