Folclore corporativo

Um leão novo chegou ao Zoológico da cidade e foi colocado na mesma jaula do leão velho. Durante as visitas o leão novo rugia imponente atraindo o público enquanto o leão velho dormia cansado em um canto. Na hora do almoço o leão velho recebia do tratador um suculento pedaço de carne enquanto o leão novo, revoltado, tinha que se contentar com um cacho de bananas. A cena se repetiu algumas vezes até que, inconformado, o leão novo questionou o tratador que explicou: – Quando você entrou aqui só havia vaga para um leão e aí tivemos de lhe classificar como macaco.

Essa história me lembra longas discussões sobre desvios de função e quadro de vagas limitado numa longa série de imbróglios burocráticos que acontecem em órgãos públicos. Outras figuras burocráticas como os grupos de trabalho e os comitês são alvo permanente de chacota, como naquela máxima de que um camelo é um cavalo que foi projetado por um comitê.

Alguns observadores da vida das empresas colocaram na forma de leis algumas verdades com as quais nos acostumamos a conviver, muitas vezes sem perceber. A Lei de Parkinson, por exemplo, diz que “o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para ser concluído”. Outra define as seis fases de um projeto: entusiasmo, desilusão, pânico, busca dos culpados, punição dos inocentes e promoção dos não participantes. O grande Millor Fernandes dá sua contribuição quando fala de certas pessoas: ” Chegou ao limite da própria ignorância. Não obstante, prosseguiu.” ou quando diz que “errar é humano. Botar a culpa nos outros também”. Essa tem uma variante:  ” se numa situação tensa o responsãvel estiver tranquilo é porque já achou em quem colocar a culpa”

O engenheiro Isu Fang construiu um conjunto de leis impagáveis: 1)Em qualquer campo da atividade humana, o homem sempre fará aquilo que sabe, e não o que deve ser feito. 2) Se o último minuto não existisse metade das coisas não seriam feitas. 3)Quando numa reunião alguém apresenta um documento como subsídio para a discussão de um problema, passa-se automaticamente a discutir o documento e ignorar o problema. 4) Quando três soluções alternativas para um mesmo problema são apresentadas e uma delas pode ser caracterizada como intermediária, ela será adotada, independentemente de seu mérito. 5)Se você tiver uma boa solução, você está arriscado a ganhar um problema. Corolário: Se você lembrar que um problema existe, você provavelmente será encarregado de resolvê-lo. Ou como dizia Neném Prancha, filósofo do futebol: Quem desloca recebe, quem pede tem preferência.

Quem pode contestar essas leis?