Nas práticas de gestão diferenciamos chefes de líderes. Chefes mandam, subordinados obedecem. Líderes inspiram, motivam, orientam, convencem, mobilizam. Na política temos outras classificações, além dessas. O populista fala e faz o que o povo quer no momento, mesmo que para o lado errado. O estadista faz o que precisa ser feito para o futuro. O estadista e ex-presidente da França Charles De Gaulle dizia que em política, se trai o país ou o eleitorado. “Prefiro trair o eleitorado”, afirmava. Outra grande estadista, a ex-primeira ministra Margareth Thatcher, que enfrentou o atraso dos sindicatos ingleses, dizia que consenso é a negação da liderança.
Estadistas enfrentam corporações de funcionários, sindicatos, comunidades ou empresas para fazer o que é certo, para cumprir o programa para o qual foram eleitos. Democracia não significa atender a vontade de grupos.
Há uma interpretação equivocada e populista de dirigentes municipais de que os moradores de um bairro devem decidir o que pode ser feito naquele bairro. Veremos, por exemplo, que todos querem um ponto de ônibus perto de sua casa desde que não seja em frente à sua. Sem liderança, nunca se construiriam aterros sanitários ou prisões em cidades, pela rejeição da população. Os americanos usam a expressão NIMBY(Not in my backyard – não no meu quintal) para expressar essa tendência das comunidades de tentar definir o que pode e o que não pode ser feito. Nada pode ser mais indicativo de falsidade que a aprovação da multidão, dizia o filósofo David Hume em carta a Adam Smith.
Vereadores e prefeitos têm a obrigação de ouvir as comunidades, discutir orçamento participativo, mas têm a obrigação de enxergar a cidade como um todo no presente e no futuro. Como líderes, devem mostrar à população o que deve ser feito e enfrentar o debate com coragem.
No caso presente de Vitória, a maioria dos moradores de Goiabeiras desconhece naturalmente as implicações de um Parque Tecnológico, fundamental para o futuro da cidade e cujo projeto não pode ser destruído por interesses particulares, mesmo que legítimos, para colocar residências nessa área.
Afinal, o que desejamos para Vitória? Residências empregam porteiros, jardineiros, faxineiros, mas não empregam engenheiros, analistas, programadores, administradores, economistas como os parques tecnológicos. Residências pagam IPTU, mas não pagam ISS, ICMS ou IRPF e nem crescem e se multiplicam como as empresas de sucesso.
Verdadeiros líderes e estadistas têm visão de futuro e sabem democraticamente convencer. Lugar de exterminadores do futuro é no cinema.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
Se você quiser ser notificado sobre novos textos clique no botão “Seguir”.
Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.
Leia também outras dezenas de artigos de minha autoria
Facebook: Evandro Milet
Twitter: @ebmilet
Email: evandro.milet@gmail.com