É mudar ou mudar

O economista Marcos Mendes, do Ministério da Fazenda, fez palestra recente no Ibef, onde desmontou os mitos sobre a reforma da Previdência. O primeiro diz que não há déficit, porque haveria outras receitas que deveriam ir para a Previdência e que não estão indo, mas não diz como cobrir as despesas que essas outras receitas estão bancando no orçamento. Outro mito diz que o déficit poderia ser coberto pela dívida não cobrada dos maiores devedores. Grande parte das dívidas é irrecuperável, pois vêm de falidos como Vasp e Transbrasil e, do que poderia ser recuperado, muitas estão judicializadas e mesmo assim não cobririam um ano do déficit ou 181 bilhões. Outro mito diz que bastaria o país voltar a crescer que o déficit acaba. Besteira. O déficit é estrutural. O Brasil gasta o mesmo percentual do PIB com Previdência que gastam países desenvolvidos com uma população muito mais velha. Não há aumento de arrecadação que consiga cobrir esse déficit. E só vai piorar, porque a população está ficando mais velha e está nascendo menos gente. Para quem não sabe, os trabalhadores de hoje não contribuem para a própria aposentadoria, bancam a aposentadoria da geração anterior que está aposentada. Se o déficit não for resolvido, faltará dinheiro no futuro para pagar os atuais trabalhadores. Outro mito afirma que os trabalhadores de regiões pobres vão trabalhar até morrer porque a expectativa de vida  deles é mais baixa. Economistas despreparados fazem a conta errada. Consideram expectativa de vida a partir do nascimento, o que é distorcido pela mortalidade infantil mais alta. Quem chega aos 65 anos tem expectativa de viver até os 80 e poucos, com diferença muito pequena entre as regiões. Outro mito afirma que a reforma prejudica os mais pobres. Pelo contrário, ao fazer convergir a aposentadoria do setor público para as mesmas regras do setor privado, tira os privilégios dessa categoria que está no 1% mais rico. Outro mito questiona a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, números compatíveis com os vigentes no Paraguai e Argentina. Outro mito diz que o país deveria deixar de pagar dívida ao invés de reformar a previdência. Deixar de pagar dívida é calote com todos os detentores de fundos e papéis de renda fixa e sinalizaria que o país não é confiável para investidores.

A reforma é fundamental para reduzir juros e a dívida pública, o país voltar a crescer e gerar empregos. Não cabe oportunismo nem neutralidade. Alguns deputados já fizeram o desserviço de votar contra a reforma trabalhista. O momento pede responsabilidade com o país.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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