Os debates e previsões sobre o futuro costumam abordar o mundo digital e o seu crescimento, justificados pela posição das empresas desse setor nas listas de maior valor de mercado como acontece com Google, Amazon, Apple e Microsoft. Cabe aqui um olhar sobre o que acontecerá de disrupção também com a indústria tradicional seja extrativa, seja de transformação, sempre necessárias, já que continuamos humanos com necessidades físicas. Precisamos de minérios, aço, árvores e petróleo para a indústria, precisamos de máquinas e equipamentos e precisamos de produtos para uso e consumo.
Uma primeira observação: esses insumos e produtos precisam ser armazenados e transportados, o que aumenta a necessidade de logística, isto é, estradas, portos, aeroportos e armazéns, tudo isso multiplicado pelo crescimento acelerado do e-commerce, que vai ser turbinado pelo coronavírus. Só aí já temos muitas inovações para acompanhar.
Tem mais. Todas as indústrias tradicionais estão sendo impactadas pelo digital, seja na própria concepção do produto como os automóveis, onde grande parte do seu custo é o software e a eletrônica embarcada, seja no processo de produção cada vez mais automatizado. A disrupção pode se dar na substituição do próprio produto por uma concepção diferente como aconteceu com o conhecido caso da Kodak e acontecerá com o petróleo ou pode se dar por um aumento brutal da produtividade nos processos e redução de preços, como a China tem mostrado ao mundo, seja com o custo do trabalho ou com transformação digital.
A indústria tem passado por transformações radicais como aconteceu com o movimento da qualidade e o just-in-time nas décadas de 1980/90, com a informatização, robotização, sustentabilidade e participação em cadeias globais de valor e agora entra na era da transformação digital, da internet das coisas, da inteligência artificial, dos aplicativos e plataformas, do 5G e do mundo novo da biotecnologia.
Outras novidades são oportunidades ou ameaças: a tendência de eliminação de intermediários na comercialização, a mudança de comercialização de produtos para serviços, a agregação de serviços aos produtos, a rastreabilidade de produtos, a inovação aberta e hubs de startups, o corporate venturing, a demanda por produtos saudáveis e a pressão pela redução de consumo de água e energia e pela logística reversa.
A pandemia atual também levantou a preocupação do risco da concentração de insumos das cadeias globais em determinados países, mais especificamente na China. Particularmente a indústria eletrônica e a de medicamentos e equipamentos médicos já se movem para rastrear toda a sua árvore de insumos e eventualmente mudar fornecedores ou trazê-los para o próprio país.
Há ainda as mudanças de costumes, algumas provocadas, temporária ou definitivamente, pela pandemia e que provocam impactos, positivos ou negativos, na indústria: mais home-office, menos locomoção, menos aglomerações, mais interações digitais, mais preocupação com saúde e mais cobranças de responsabilidade social das empresas.
Tudo isso envolto em uma recessão pesada que nos pegou tentando sair de outra.
Esse é o novo momento de disrupção da indústria tradicional vindo de vários lados. É bom se antecipar ou tirar o atraso, depois que conseguir sobreviver ao meteoro.
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