Desemprego tecnológico

Robôs pagando imposto de renda? Essa é a proposta de ninguém menos que Bill Gates. É claro que ninguém imagina um robô humanóide sentado na frente de um computador preenchendo formulários. Na verdade essa seria uma alternativa atenuante para a velocidade de ocupação de postos de trabalho por robôs. Os governos arrecadariam recursos para criar novos empregos.

De fato, persiste uma grande dúvida sobre o balanço de empregos que acontecerá com o uso maciço de novas tecnologias. Segundo a consultoria Deloitte, numa pesquisa com os censos britânicos de 1871 a 2011, as tecnologias que mudaram o mercado de trabalho criaram mais empregos do que destruíram. O número de pessoas trabalhando na lavagem de roupas caiu de 200.000 em 1901 para 35.000 em 2011.  Já o de contadores cresceu de 9.800 para 215.000 no mesmo período.

Até grandes economistas se enganaram. Keynes previu o crescimento da renda per capita durante o século 20 com as ķnovas tecnologias, mas também previu que isso criaria uma onda de desemprego com a substituição do trabalho humano por máquinas. O prêmio Nobel de economia Wassily Leontief, achou que aconteceria com os humanos o mesmo que aconteceu com os cavalos no início do século 20, ficariam desnecessários.

As transformações exponenciais atuais fazem com que muitos considerem que dessa vez o problema de fato acontecerá. Pesquisadores quantificaram  o efeito potencial da inovação tecnológica no desemprego. Eles classificaram 702 profissões de acordo com a probabilidade de sua automatização. A pesquisa concluiu que cerca de 47% do emprego total nos EUA está em risco, o que poderá ocorrer em uma ou duas décadas.

O problema é que muitas mudanças acontecem simultaneamente. Muitos robôs e inteligência artificial substituindo gente, muito trabalho por projeto, sem emprego, empregos sem pessoal qualificado para a vaga e empresas ou setores inteiros desaparecendo por transformação digital. Das empresas na lista da revista Fortune no ano 2000, 43% faliram, foram adquiridas ou deixaram de existir.

O emprego crescerá em relação a ocupações e cargos criativos e cognitivos de altos salários e em relação às ocupações manuais de baixos salários, mas irá diminuir muito para trabalhos repetitivos e rotineiros. Até árbitros de futebol podem ser substituídos. Imaginem o desenvolvimento de um juiz-robô(epa!) dotado de inteligência artificial e sensores capazes de determinar com precisão se a bola entrou ou se houve pênalti.  Como a IBM tem o Watson, esse poderia se chamar Wright.

A sério, o talento, mais que o capital, será o fator crucial de produção.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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