Será que já podemos especular como será o mundo e o Brasil depois dessa pandemia, inédita no nosso horizonte de tempo, que ninguém sabe quando acaba?
Com certeza um mundo mais digital, considerando que durante alguns meses, muita gente aumentará muito o uso de aplicativos e ferramentas digitais e não voltará mais ao mesmo estágio analógico em que se encontrava. Mas não é só isso.
Toda a lógica de fazer o país se encaixar em cadeias globais de valor levanta a dúvida da vulnerabilidade causada pela dependência de uma única fonte para parte significativa de insumos industriais, como o caso da China. Será que teremos de pensar novamente em políticas industriais por segurança? A postura dos países de adotarem soluções individuais de fechamento terá consequências nas discussões futuras de globalização? A busca por equilíbrio fiscal será mais exigida para não sermos apanhados novamente em situação precária em outra ocasião semelhante?
Certamente aumentará a percepção da importância de um sistema único de saúde, de que esse sistema seja melhorado e que os profissionais de saúde sejam mais valorizados. Já são tratados como heróis, arriscando a saúde e a vida e recebendo aplausos das janelas. Os partidários de um estado mínimo, mimetizando as alas mais radicais do partido republicano americano, vão perceber um ainda relevante papel do estado na área social.
Considerando que as soluções de confinamento são praticamente inviáveis para a população de baixa renda, aumentará a pressão para melhorar as condições de saneamento e habitação, bem como a distribuição de renda. Tudo leva a crer que o país sairá muito afetado por desemprego e quebradeira de empresas, com o astral muito para baixo. O governo federal terá de atuar fortemente. Haverá fortes pressões pela reforma tributária para aliviar as empresas e melhorar o ambiente de negócios.
Aparentemente a importância do papel da imprensa formal na crise está sendo mais percebido, em contraposição aos sites e blogs ideológicos sem estrutura de apuração de dados e fatos.
Talvez o mundo saia dessa mais solidário, os mais afluentes percebendo que, confinados em casa, sem poder frequentar restaurantes, shoppings ou a casa dos amigos, sem poder viajar, com consumo limitado, sem supérfluos, talvez percebamos que essas coisas não têm tanto valor. Famílias vão se tornar mais próximas ou se afastar de vez com a convivência forçada. Mas, definitivamente, o mundo e o Brasil não serão os mesmos depois do Covid-19.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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