O Manifesto Comunista foi escrito pelos jovens Marx e Engels em 1848, quando tinham respectivamente 29 e 27 anos, mas ainda pauta as cabeças de saudosistas à procura de uma ideologia para viver e sobrevive como zumbi, disfarçado no meio de causas nobres, como num tal de ecossocialismo ou em pseudodemocracias como no bolivarianismo.
O Manifesto defende a abolição da propriedade privada: “Alega-se que com a abolição da propriedade privada […] uma inércia geral se apoderaria do mundo. Caso isso fosse verdade, a sociedade burguesa teria, há muito, sucumbido à ociosidade, pois aqueles seus membros que trabalham nada lucram e os que lucram não trabalham.”
São palavras anacrônicas e ofendem milhões de pequenos, médios e grandes empresários que trabalham sem descanso e arriscam tudo para montar um negócio.
Esse ranço contra a propriedade privada e o empreendedorismo transparece hoje na desconfiança com empresários, na crença em um governo onipresente e o consequente aumento da carga tributária, no apoio velado às invasões de propriedades, no aparelhamento ideológico da máquina pública e no atraso nos programas de privatizações.
Segundo Schumpeter, o desenvolvimento econômico se dá por três fatores fundamentais: inovações tecnológicas, crédito bancário e empresário inovador. No século XIX não se dava importância ao empresário inovador nas análises econômicas e alguns não entendem até hoje esse papel.
No Brasil, conforme o Sebrae, os 10 milhões de pequenos negócios são responsáveis por 50% dos empregos e 27% do PIB. Como os fundos de pensão(de trabalhadores) detém 15% e o governo participa com 30% do PIB(embora com superposições nesses números), falar em oligarquias dominantes ou capitalismo monopolista, como ainda se ouve ou lê, é evidente exagero, embora a batalha contra a manipulação de mercados tenha que ser permanente. Nos EUA, centro do capitalismo, empresas surgidas em garagens, como Apple e Google têm maior valor de mercado que as gigantes do petróleo e do automóvel.
Segundo André Lara Rezende: ”O dinamismo da atividade econômica não está mais na produção, mas na concepção.”. E acrescenta: “Ao contrário do que sustentava Marx, o capitalismo não levou à concentração de riqueza que terminaria por destruí-lo, mas, sim, a um crescimento acelerado da produção, à redução da escassez,[…] e à criação de oportunidades, sem o que a democracia não teria sido possível.”
Como hoje o conhecimento é mais importante que o capital, deveríamos usar a expressão “economia de mercado” em vez de capitalismo, aperfeiçoá-la por dentro e esquecer utopias.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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