Um amigo, em viagem à Itália, em uma tentativa hilária de se comunicar na língua, perguntou, macarrônicamente, em algo que ele achava ser italianhol, em um bar: “Tene Coca Cuela?”. Apesar de tudo, o garçom entendeu e ele pediu: “Due latte”. O garçom trouxe então – claro – dois copos de leite e não as duas latas que ele queria. Outro amigo, no exterior, já teve de imitar galinha, batendo asa e cacarejando, para conseguir pedir frango em um restaurante. Outro caso se deu nos Estados Unidos. Sem falar bulhufas de inglês, o turista brasileiro foi adestrado a pedir “apple pie” quando estivesse com fome. Deu certo várias vezes, até enjoar. Na tentativa de aprender a pedir outra coisa, ensinaram-lhe “ham and eggs”. Decorou a pronúncia e partiu para a primeira tentativa. “Ham and eggs”, pediu. O garçom solícito indagou: “one or two eggs?” Ele olhou, olhou, pensou e resignado respondeu: “apple pie”. O cachoeirense Rubem Braga talvez incluísse “apple pie” ao lado do “ashtray” como tentativa, na sua conhecida crônica “Aula de inglês” de 1944, se conhecesse essa história.
Muita gente já passou por situações mais ou menos constrangedoras ao tentar se comunicar no exterior. Se você pedir duas bolas de sorvete como “two balls” vai ficar esquisito, assim como se quiser uma fita virgem(ainda existe isso?) como “virgin” ou se errar na pronúncia de coke e falar “cock”. Mas não se preocupe mais, os seus problemas acabaram, e não é com um personal tradutator tabajara. As traduções automáticas ganharam uma quase perfeição. Quem usa o tradutor do Google percebeu o grande avanço em um ambiente que aprende e se aperfeiçoa continuamente com o machine learning da inteligência artificial. O mais novo componente da família é o Pixel Buds da Google, fone de ouvido inteligente que pode traduzir até 40 línguas. Com o recurso ativado, quando uma pessoa fala com você, o microfone capta o áudio e o sistema fala a tradução do que foi dito. Para simular o processo de tradução dos fones de ouvido, você pode usar o app do Google Tradutor.
Imagine o efeito disso não só para turistas em férias, mas também nos negócios internacionais. A globalização explode, com todo mundo falando e negociando com todo mundo. Desde a bíblica Torre de Babel, as pessoas tentam se entender nas diferentes línguas. Em tempos passados, criou-se uma língua universal chamada esperanto, mas não foi longe, e o inglês se tornou a língua franca para negócios e lazer, mas apenas para quem a falava. Agora, em qualquer lugar, em sua própria língua, todo mundo vai poder comer e beber sem cacarejar e nem pagar mico.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
Se você quiser ser notificado sobre novos textos clique no botão “Seguir”.
Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.
Leia também outras dezenas de artigos de minha autoria
Facebook: Evandro Milet
Twitter: @ebmilet
Email: evandro.milet@gmail.com