As sete pragas do Brasil

Os novos debatedores de política via WhatsApp têm solução pronta e rasteira para os problemas do Brasil, normalmente encerrando com a expressão definitiva: “simples assim”. Longe disso. Sem esgotar a ampla lista, propomos as sete pragas que assolam o país, sem preocupação com ordem: 1) Populismo – de direita ou esquerda. Não diz ou faz o que deve ser dito ou feito, mas o que melhor expressa o sentimento da população no momento. Vende soluções milagrosas. Apresenta salvadores da pátria, com metáforas populares ou frases contundentes, sem profundidade. Está associado ao oportunismo e à desonestidade intelectual; 2) Corporativismo – Disfarça demandas de um grupo como se fosse reivindicação geral. Defende privilégios e direitos adquiridos indevidamente com uma capa de legitimidade. Gosta de subsídios, isonomias ou penduricalhos nos salários e elege representantes no Congresso para não perder nada; 3) Burocracia – Já se tentou controlar essa praga, mas ela volta mais forte. Nos países desenvolvidos vale a palavra  e, se apanhado em falso, dá processo e cadeia. Aqui, até pagar imposto é complicado e a consequência é o 125º lugar em ranking internacional de ambiente de negócios; 4) Corrupção – Talvez a Lava Jato e as novas legislações sobre lavagem de dinheiro, delações premiadas, prisão em 2ª instância e os acordos internacionais restringindo paraísos fiscais, reduzam o problema. Se o STF cooperar, claro; 5) Fiscalização – O que deveria ser bom virou praga. Os órgãos de fiscalização pagam ótimos salários e o pessoal bem preparado sempre inventa novas regras que travam os governos. Procuradores sozinhos param projetos importantes, funcionários são responsabilizados no CPF, têm medo de assinar qualquer coisa e solicitam intermináveis rodadas de documentos. O rabo abana o cachorro. Fiscalizar é mais importante que fazer; 6) Estatização – Durante a ditadura militar foram criadas 440 empresas estatais. Há uma ideologia nacional desenvolvimentista unindo esquerda e militares, que entende que governos são mais capazes que a iniciativa privada para fazer coisas; 7) Irresponsabilidade fiscal – Todos querem redução de impostos e mais serviços e subsídios dos governos. A conta não fecha. A esquerda acha que a direita não tem coração e a direita acha que a esquerda não tem cérebro. Como resumia Brizola: “Primeiro a gente faz a despesa necessária ao interesse coletivo, e depois, a receita.”

Outras pragas importantes ficaram de fora, como o descaso de séculos com a educação e a pulverização de partidos políticos. Mas o espaço é curto: simples assim.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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