Amazon: Tudo e mais um pouco

 

Entre as dez maiores empresas do mundo hoje, em valor de mercado, estão as digitais Apple, Google, Microsoft, Amazon e Facebook. Conhecer a história delas é enriquecedor para perceber estratégias, políticas de pessoal, modelos de negócios, valores e tendências.

O livro “A loja de tudo” de Brad Stone, conta a história da Amazon e do seu criador e presidente Jeff Bezos, um empreendedor carismático, obstinado, inovador, extremamente competitivo e exigente, duro com empregados e predador com os concorrentes e fornecedores. Uma das razões do sucesso da Amazon é sempre contratar os melhores e mais inteligentes, envolvê-los em grandes desafios, fazê-los trabalhar insanamente e remunerá-los bem, isto é, os que aguentarem o ritmo. Certa ocasião, levantou-se um clamor em uma cidade, porque 15 empregados passaram mal em uma forte onda de calor. Solução de Bezos: manter o ritmo e colocar uma ambulância na porta para atender os próximos casos.

Assim como Steve Jobs tinha paixão por música, o que o fez envolver o cliente em uma experiência completa, lançando o iPod e o iTunes, Bezos tinha paixão por livros e criou a experiência completa vendendo livros, e-books e leitores Kindle, aproveitando o início da internet na década de 1990. Temos até uma afinidade com ele, pois ao procurar um nome para a empresa com a letra A, para aparecer na frente nas pesquisas, se fixou no nome do nosso maior rio do mundo para a maior livraria do mundo, como ele disse, premonitório, na ocasião.

Usando os valores da obsessão pelo cliente, simplicidade, propensão à ação, padrões elevados de talentos e inovação, Bezos fez a empresa crescer alucinadamente, derrotando redes de livrarias fortes e enraizadas no mercado. Aproveitou um novo modelo de negócios que prescindia de lojas, com custo muito mais baixo, investindo em logística, inovação e tecnologia e brigando com editoras para conseguir vender barato. Logo percebeu que para crescer muito teria que vender também outras coisas e partiu para ser a loja de tudo. Dizia: “não ganhamos dinheiro vendendo coisas, mas quando ajudamos o cliente a decidir o que comprar”. Com isso lançou inovações na interação digital que viraram padrão no comércio eletrônico.

Consciente que, no fundo, a sua empresa era de tecnologia, entrou também em um novo mercado que surgia, a computação na nuvem, onde é um dos maiores players mundiais e comprou o jornal Washington Post, onde trabalha para a sua transformação digital.

A história de Bezos e a Amazon tem pontos polêmicos e gera críticas pertinentes, mas inegavelmente é um tremendo caso de sucesso.

 

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos

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