Na produção de grãos, de 1975 até 2015, a oferta agrícola no Brasil cresceu de 44 para 203 milhões de toneladas, uma taxa de 3,9% a.a. Desde 1990 as exportações do agronegócio passaram de US$ 7 bi para US$ 74 bi. E o preço dos alimentos caiu 80%. O Brasil é um dos 5 maiores produtores de 36 commodities e o primeiro nas exportações de soja, açúcar, café, frango, carne e suco de laranja.
O agronegócio é intenso usuário de tecnologia digital e de satélites, ombreando-se com os países ricos. Pela agricultura brasileira já circulam tratores sem motorista, drones, agricultura de precisão, edição genética, sensores, automação, rastreabilidade, startups e todo tipo de tecnologia avançada. Aqui mesmo, a Ufes e o Incaper trabalham para acabar com tipos de vírus que atacam o mamão utilizando engenharia genética de ponta.
A agricultura está sustentada no aumento contínuo de produtividade pela utilização de novas tecnologias e em uma maior eficiência dentro das cadeias produtivas com alta competitividade no exterior, tudo isso sem subsídios. Dados da OCDE em 2015 mostram que o apoio ao produtor agrícola, medido como porcentagem da receita bruta, foi de 29% na Indonésia, 22% na China, 19% na União Europeia, 9% nos EUA e apenas 3% no Brasil. Esses números estão no artigo de José Roberto Mendonça de Barros no livro “A Retomada do Crescimento”, um manual de todos os setores, para quem quer saber o que fazer na economia.
O agronegócio busca inteligentemente se afastar do mundo das commodities. Um quilo de café torrado e moído custa 16 reais, um quilo de cafés especiais, em grande desenvolvimento no Espírito Santo, pode custar 200 reais e o mesmo peso em cápsulas vai a 275 reais. E há inovação também no modelo de negócios com clubes de assinantes, semelhantes aos de vinhos e casas sofisticadas para degustação.
A silvicultura também trabalha na descomoditização. A Fibria desenvolve sua bioestratégia para produção de bio-óleo, biocompósitos como substituto do plástico, fibra de carbono da lignina, transformações tecnológicas para a celulose de fibra curta ter propriedades parecidas com as de fibra longa e no mundo novo da nanocelulose. Enquanto a tonelada de celulose está cotada em cerca de US$ 700, a da nanocelulose cristalina sai por quase US$ 12 mil.
A nanocelulose, com uma planta piloto em Aracruz, promete aplicação em novas cadeias produtivas como tintas, petróleo e gás, cimento, próteses e filmes plásticos flexíveis, que conduzem eletricidade, com uso especialmente na indústria de informática.
Nada mais distante da ideia de produtos primários.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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