No folclore político brasileiro, certamente um dos mais citados é o falecido ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães. Conhecido como Toninho Malvadeza, deixou um repertório de pensamentos sobre como tratar correligionários e inimigos. Aqui vão algumas dessas pérolas:
“Não se esqueça jamais do amigo que deixou o poder, seja qual for a razão do seu afastamento. Até porque na política o fraco de hoje pode ser o forte de amanhã.”;
“Devemos sempre considerar como grande amigo aquele que cuida dos nossos interesses em segundo lugar. Em primeiro vão os deles.”;
“Esqueça o nome dos seus inimigos. Pense neles mas não os mencione. Às vezes até atacá-los é prejudicial.”;
“Trata-se tão mal o inimigo quando trata-se bem o amigo.”;
“Não reclame do golpe recebido. Prepare o troco.”;
“Há pessoas que precisam de carinho, pessoas que precisam de ajuda para defender seus interesses e pessoas que gostam de mostrar importância. Dê a cada um o que ele quer, tomando sempre o cuidado de não trocar. Se você der carinho a quem quer ajuda ou prestígio a quem só tem interesses você perde o que dá e corre o risco de perder também a amizade.”;
“Tudo aquilo que uma pessoa recebe quando é sua amiga deve devolver quando se torna inimiga. Como isso não acontece você tem todo o direito de tomar o que puder de volta, para uma justa redistribuição.”;
“Não acredite na amizade de alguém cuja mulher não gosta de você.”;
“Fale bem dos amigos todos os dias; fale mal dos inimigos pelo menos duas vezes ao dia.”.
Não custa comparar sua linha popular com o tratado de política em “O Príncipe” , escrito por Nicolau Maquiavel em 1513 e até hoje citado e praticado:
“Por isso, um governante prudente não deve manter sua palavra, quando fazê-lo for contra o seu interesse e quando as razões que o fizeram comprometê-la não mais existirem. Se os homens fossem bons, este preceito seria errado e condenável, mas como eles são maus e não honrarão as suas palavras com você, você também não está obrigado a manter a sua para com eles.”;
“As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos; e os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem saboreados.”;
“Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.”
Como se vê, a prática ainda acontece em todo o mundo político, no país e no mundo, e até na área privada.