Redesenhe a sua mente, foi o recado de Barack Obama em palestra para empresários, sugerindo um maior apoio daqueles que têm recursos a projetos que beneficiem aqueles que não têm. Ações de filantropia, bem como de voluntariado, são muito comuns nos Estados Unidos, mas ainda incipientes no Brasil, e são praticadas normalmente por ongs criadas por empresários. Apenas uma ong capixaba foi reconhecida entre as 100 melhores do país. O Instituto Ponte, comandado pela empresária Bartira Gomes de Almeida é patrocinado por empresas privadas e apoiado por uma grande rede de voluntários. Não recebe recursos de governo e tem como missão ser a ponte para dar oportunidade de educação de qualidade para jovens talentosos de famílias de baixa renda. Localizados esses talentos na rede pública, por indicação ou pelo destaque em alguma olimpíada escolar, participam de uma seleção que abre as portas do futuro para sonhos antes impossíveis. A parceria com os dez melhores colégios de Vitória, abre vagas gratuitas para eles, enquanto o Instituto Ponte banca uniformes e material escolar. É emocionante ouvir a história desses jovens, que serão 150 em 2019, e que mantém médias escolares altíssimas, apesar de estarem em uma cidade diferente, longe da família e em um ambiente com alunos de famílias de maior renda.
Ao completar 5 anos, o Instituto organizou evento com o tema “Redesenhe a sua mente” com a participação de Luciano Huck, apoiador de causas sociais e de renovação na política, acompanhado do ex-governador Paulo Hartung, com quem compartilha ideais. PH chamou atenção da quantidade de jovens que perdemos para o tráfico e Luciano Huck contou um pouco das suas andanças pelo país. Presenciou a fome em São João da Missões, logo ali entre Minas e Bahia, enquanto alguns tentam negar que isso exista no país. Visitou uma insólita casa sem paredes na beira de um rio da Amazônia, onde uma menina lhe contou o sonho impossível de ser juíza. E deu ênfase à educação, elogiando o sucesso dos indicadores do Espírito Santo. Por que a Coreia, um país pobre, desigual e corrupto em 1980, conseguiu se transformar na potência que é hoje? A resposta é educação com a valorização dos professores. O trabalho das ongs, ressaltando aquelas capitaneadas por pessoas de baixa renda em áreas de risco social, é fundamental como protótipo de políticas que deveriam ser massificadas. A escola do pobre tem que ser igual a escola do rico e só os governos têm condição de fazer isso, concluiu ele. Por fim, destacou a presença dos professores sentados na primeira fila, que é o lugar que eles merecem.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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