Em junho último, um jovem trabalhador morreu esmagado por um robô dentro de uma fábrica da Volkswagen na cidade de Baunatal, na região central da Alemanha, informa o jornal “Die Welt”. Ele era funcionário de uma empresa prestadora de serviços e trabalhava na instalação do robô numa linha de produção de motores elétricos, quando este o agarrou e o prensou contra uma placa de metal. As autoridades agora investigam se é possível responsabilizar alguém pela morte. O promotor encarregado do caso disse que não tem notícia de outro caso de morte causada por robô.
O genial escritor de ficção científica Isaac Asimov criou, em 1942, as três leis da robótica que parece estarem sendo violadas: 1ª Lei – Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal; 2ª Lei – Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei; 3ª Lei – Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Segundo os alemães, as três revoluções industriais do passado foram desencadeadas por inovações tecnológicas: a fabricação mecânica movida a vapor no final do século 18, máquinas elétricas e a linha de montagem no início do século 20 e a introdução dos computadores nos anos 1970. A nova revolução industrial, que começa a acontecer, está sendo disparada pela internet das coisas e pela robótica, permitindo que máquinas e produtos sejam capazes de coletar e processar dados e se autocontrolar em certas tarefas.
A indústria 4.0, como falam os alemães ou a manufatura inteligente, como preferem os americanos, tratam de processos inteligentes e do desenvolvimento rápido de produtos. Numa fábrica inteligente, trabalhadores, máquinas, produtos e matérias-primas se comunicam de forma tão natural quanto pessoas numa rede social.
Nos países ricos, estima-se que 25% de todas as funções na indústria deverão ser substituídas por tecnologias de automação até 2025. No mundo, a estimativa é que 60 milhões de postos de trabalho em fábricas sejam extintos.
A indústria é responsável por 69% da pesquisa privada nos Estados Unidos. Começa a ficar claro que inovações acontecem mais facilmente na proximidade da fabricação. Com essa percepção, um movimento de trazer de volta a indústria para perto da capacidade de inovar faz com que os novos investimentos industriais retornem para os países desenvolvidos, ao invés de se localizarem nos países de mão de obra barata.
Só não contavam com robôs assassinos.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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